Sunday, January 23, 2011

7 dias #8: rescaldo

"Blue balls is the Slang term for a congested prostate or vasocongestion, the condition of temporary fluid congestion in the testicles and prostate region caused by prolonged sexual arousal in the human male often accompanied by acute testicular pain or testicular congestion due to prolonged and unsatisfied sexual excitement. The term is thought to have originated in the United States, first appearing in 1916.


Some urologiosts call the condition "epididymal hypertension".

E os meus não estão só azuis. Estão "Avatar": grandes, azuis e em perigo de vida.
Se foi isto que o Renato Seabra quis curar ao Carlos Castro, também me junto aos cordões humanos.
Isto dói.

Os testículos são máquinas de produção maciça de onde se tem de escoar produção. Se entupirmos esse processo, os trabalhadores fazem motins lá dentro. Somos geneticamente feitos para inseminar. Para fecundar. O nosso corpo todo responde perante os testículos. Sabiam que leva a um homem apenas meio segundo a perceber se "procriava" com uma mulher? Estamos programados para, em apenas meio segundo de contacto com uma mulher, sabermos se fazíamos filhos com ela ou não.

Sete dias sem ejacular é mais doloroso que desafiante. É bastante mais difícil do que educativo, vá. Se esta brincadeira provoca dor física, desconforto emocional e stress desmedido, porque raio há milhares de pessoas a fazerem-no pelo mundo? Que tipo de jura é preciso fazer para se contrariar um acto natural do nosso corpo? Porque raio alguém evitaria um processo natural da sua anatomia? Em nome de quê? Deus? Justiça? Amor? Respeito? Também deixariam de respirar ou de comer por isso? Não terão os conceitos trocados?

Costuma dizer-se que todos temos "amor para dar". Eu defendo que todos temos "sexo para dar". E receber. A sexualidade é uma energia específica que todos temos. Alguns muito mais do que outros. Mas seja ela em que quantidade for, é preciso ser usada. A única coisa que eu acredito ser possível é - e honrando-se Lavoisier - que ela pode ser transformada ao invés de perdida. Em alturas de mais trabalho, por exemplo, essa energia pode ser dedicada de outra forma. Aplicada noutro lugar. Mas a longo prazo, tem de ser gasta como a evolução das espécies assim o ensinou. Todos já lidámos com isso: a abstinência sexual leva a um estado de irritação, de stress e de nervosismo que é insuportável. Se temos esse tipo de energia específico e bom para gastar, que se gaste.

Eu lembro-me de, mais novo, curtir com raparigas, excitar-me e depois ir para casa resolver o assunto porque "doía". Mas isso são flirts inconscientes de adolescentes. Todos nós podemos bater uma, em qualquer lado, a qualquer hora. Perguntem aos deputados da Assembleia que não põe as mãos em cima da mesa. Não acreditei que fosse custar tanto fisicamente. Mas custou. E tudo por culpa minha.

Eu devia ter evitado tudo. Namorada, internet, mulheres na rua, tudo. Quanto mais tempo eu aguentasse sem uma erecção, mais tempo aguentava sem querer fazê-la valer. Se eu, durante estes 7 dias, evitasse excitação sexual, evitava chatices. Mas isso é complicado. Não estamos programados para evitar um processo mecânico natural. Não funciona assim. Tentem passar 7 dias sem se excitarem. Se ao início da semana a "vizinha" é só a "vizinha", ao final da semana a "vizinha" é a Bar Rafaeli. A nossa cabeça está de tal ordem pré-programada que nos "facilita" o processo. Presta-nos o mesmo serviço de embelezamento do álcool mas mais devagar.

A verdade é que eu não evitei porra nenhuma. Dormi na mesma cama que a minha namorada na quinta-feira. Fui a um bar de strip no sábado à noite. Vi fotos de mulher semi-despidas por todo o lado, sempre que possível. Era como se estivesse a desafiar o meu corpo, a ver se aguentava. Ele respondeu com dores. E só fez bem. Agradeço-lhe por isso.

Infelizmente, o sexo ainda não é visto com a devida naturalidade na nossa sociedade. Temos milhentas horas de pornografia nos nossos computadores mas nunca confessamos os nossos piores pecados aos padrecos das aldeias. Nos cafés conversamos sobre as mamas desta e daquela da televisão mas as nossas irmãs, filhas e mulheres, que nem sequer pensem em falar de vibradores lá em casa. Isso é uma "porcaria". Os bares de strip ainda são sítios soturnos e porcos. A prostituição ainda é feita atrás de arbustos em matas escuras. A sexualidade ainda é tabu. Quando queremos pôr os nossos filhos a falar disso na escola, é como se estivéssemos a esventrá-los com um saca-rolhas. É uma estupidez. Ainda somos um país machista, púdico e insolente no que toca a sexo. As mulheres privam-se dele porque "é uma coisa maldosa, que os homens querem delas a toda a hora". Os homens apoderam-se dele porque "é uma vergonha as mulheres divertirem-se com ele, ou sequer gostarem. Têm de ser umas senhoras como deve de ser". A verdade é que o verdadeiro prazer sexual ainda é visto como "um devaneio dos paneleiros e dos jovens libertinos".

A todos os retrógrados, pudicos e atrasados mentais que praticam "castrações" morais e religiosas todos os dias... vão-se foder.
É incrível. É como se toda a sociedade vivesse em permanente estado de "blue balls", em constante ansiedade e medo de gostar do que é bom, quando devíamos andar a virmo-nos mais e a sofrer menos.

Sexo é bom. Façam-no muitas vezes. Em locais diferentes. Com quem gostam.
No século em que estamos, no país ocidental em que vivemos, é preciso ser-se muito burro e descuidado para se acabar a verter pus da uretra. Ou a alimentar bebés aos 16 anos.

Agora, se me permitem, vou ali dar uma e já volto.

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