F*da-se.
Está dito. E saboreado.
Quer queiramos, quer não, nós precisamos de palavrões.
É uma válvula de escape. Um ponto de ebulição. Um ponto final.
O prazer imediato que temos quando os dizemos, é algo que não conseguimos ir buscar a lado nenhum. Nem mesmo as variantes socialmente aceites - como "fónix's", os "caraças" ou os "porra's". Nada se compara a uma bela m*rda.
O palavrão, em termos etimológicos, não é mais que uma palavra normal. Uma palavra normal usada pelo povão e que a classe mais alta começou a evitar usar para não se misturar. Para não ser confundido. Séculos depois, o palavrão já não é uma palavra com um sentido normal e corriqueiro. Está sempre relacionado com escatologia ou pornografia e tem de andar escondido. Injustiçado. Escorraçado da praça pública. E porquê? Fazem parte do léxico! "Caralh*" é tão palavra como camisa ou economia. Porquê a xenofobia linguística?
Para vos dizer a verdade eu disse palavrões esta semana. O desafio era passar 7 dias sem os dizer, mas disse-os. 22 vezes. E porque sei? Porque resolvi penalizar-me sempre que os dizia. 1 euro à pessoa que estivesse mais perto de mim, geograficamente falando. Portanto, em 7 dias o meu léxico rendeu 22 euros. O preço da edição de coleccionador do Inception. Que eu não vou gastar. E acreditem que os 22 saíram de forma inconsciente. O Natal já tinha passado e eu tenho muito pouco o hábito de me armar em Oprah e oferecer dinheiro a quem não fez nada por isso.
Mas o engraçado foi ver-me a desacelerar a velocidade a que falava para calcorrear as frases antes de pisar um palavrão. Ia falando cada vez mais devagar para não me fugir nada que rendesse um euro a um feliz contemplado. Ao contrário de um concorrente de um reality show, eu comecei a ter de pensar no que ia dizer. Falar, algo que me era mecânico, tornou-se lento e analítico. O que só quer dizer que o palavrão me sai com naturalidade. Com gosto. Disse-os bêbado, irritado e stressado. Mas em todas as 22 vezes os disse de "boca cheia". Podia andar a evitá-los mas nada me fazia desrespeitá-los.
Deixei de acreditar nas pessoas que dizem que não os dizem porque não precisam de os dizer. Uma bela m*rda, é o que é. O palavrão é o genérico do Vallium. É natural e faz bem ao sangue. Sabem que mais? O palavrão é a punheta lexical. É uma escolha pessoal, alivia a pressão e sabe bem. E não crianças, não causa cegueira.
A verdade é que senti falta deles. Eu gosto deles. Como disse Miguel Esteves Cardoso:
"Os palavrões são palavras multifacetadas, muito mais prestáveis e jeitosas do que parecem. É preciso é imaginação na entoação que se lhes dá. Eu faço o que posso."
Eu apenas acrescentaria uma pequena palavra.
"Eu faço o que posso, c*ralho."
Sunday, January 02, 2011
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2 comments:
ainda me deves 4 euros dessa merda
Deixa-me pagar-te a prestações de imperiais, pode ser? Prefiro-te bêbado a pedinchão. ;)
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