Sabem quando foi inventado o primeiro elevador?
No Séc. I em Roma. Foi responsabilidade de um homem chamado Vitrúvio, senhor cujas palavras e teorias sobre arquitectura levaram Leonardo DaVinci a fazer o seu famoso desenho do "homenzinho de braços abertos dentro de uma roda de hamster" - eu chamo ao desenho assim.
Esse primeiro elevador era um aparelho de suporte de carga vertical, num sistema de roldana movidas a força humana. Sim. Ascensorista não era um emprego porreiro de se ter na altura. Nem mesmo a contrato. Só em 1853 é que Otis concebe o engenho eléctrico de segurança que torna os elevadores o que são hoje. Belas máquinas de instigar a preguiça humana.
E eu uso-os todos os dias.
Moro num 5º andar. Trabalho num 9º andar. Visito regularmente o meu Pai num 13º andar.
No entanto, os elevadores são locais mistos. Agri-doces. Nestas pequenas caixas fechadas do mundo podem acontecer coisas bonitas e íntimas ou momentos desconfortáveis e demorados. Dentro de elevadores tão depressa se aprende a bela arte da "conversa da chá cha"como se conseguem ter as relações sexuais mais rápidas da história. Até porque gosto de acreditar que os elevadores foram inventados para as rapidinhas, mais do que para se elevar carga pesada.
Ao crescer lembro-me de estranhar quem não usava elevadores. Eram sempre os que tinha medo deles ou os que tinham complexos demasiado grandes para caber neles. Toda a gente os adorava excepto esses seres estranhos. Conheci inclusivé alguns claustrofóbicos a quem a fobia dava um jeitinho, mas "só até ali ao 4º andar, vá". Sim, porque é preciso fazer-se parte destes dois grupos - traumáticos e dietéticos - para não se adorar aquela caixinha de metal.
Naqueles segundos, quase minutos, de viagem pode fazer-se de tudo. De higiene pessoal a caretas. De conhecer a mulher dos nossos sonhos a aproveitar para soltar uma flatulência - atenção: é importante que estes dois últimos nunca coincidam. O que acontece entre aquelas quatro paredes, fica entre aquelas quatro paredes. É como um retorno ao colo maternal. Um jeitinho amigo para quem quer subir na vida.
Mas e se eu, durante 7 dias, não os visitasse?
E se durante 7 dias eu me juntasse aos tarados que calcorreiam degraus?
Está lançado o desafio. Nos próximos 7 dias sou o João Garcia do bairro das Amoreiras.
Monday, January 10, 2011
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