Como alguns mais atentos devem ter reparado, este fim de semana vou estar por aqui:
Estou a poucas páginas de acabar o livro ("Story"), mencionado (e bem) várias vezes como a Bíblia do argumentista, e estou bastante entusiasmado com o seminário a começar amanhã. Já tinha tido contacto com as teses de McKee através das aulas de argumento mas ler o livro de uma ponta à outra é realmente fantástico.
McKee possui uma clareza de discurso que até arrepia. Diz aquilo que pensa e usa qualquer filme para ilustar bons e maus exemplos. Tem uma noção gigantesca de escrita e sabe descrevê-la com calma e assertividade. Para além do que sabe em termos teóricos (e depois do que li sobre o seminário e da ideia que fico da figura através do livro) quero saber como será a falar ao vivo.
Além da substância do que vai dizer quero ouvi-lo falar. Quando comecei a fazer Stand Up comecei a "estudar" oradores. O tom de voz, a escolha das palavras, a entoação com que se as diz. Desde Obama a Sócrates passando pelo fantástico Alberto João Jardim, tentei perceber o que funcionava na oratória, na palavra. A fama de McKee para além da mestria em estudo da narrativa vai até à sua desenvoltura e fascínio na oratória. É isso que quero também apreender apartir de amanhã, olhando para um homem que vai falar 10 horas por dia, durante três dias.
Será um ponto importante para mim como argumentista e como estudante de "histórias". McKee vem finalmente a Portugal e eu tenho bilhete tirado para o ouvir. Serão três dias intensivos dos quais não sei como vou sair. Se não voltar, procurem-me se faz favor.
Deixo-vos com pequenas citações do seu livro. Não vos vou maçar com teoria de argumento, vou-vos ilustrar a clareza e abertura de discurso de Robert McKee, citando-o por exemplo a falar de comédia:
"Comedy is pure: If the audience laughs it works; if it doesn't laugh, it doesn't work. End of discussion. That's why critics hate comedy; there's nothing to say. If i were to argue that CITIZEN KANE is a bloated exercise in razzle-dazzle spectacle, populated by stereotypical characters, twisted with manipulative storytelling, stuffed full of self-contradictory Freudian and Pirandellian clichés, made by a heavy-handed showoff out to impress the world, we might bicker forever because CITIZEN KANE audience is silent. But if i were to say A FISH CALLED WANDA is not funny, you'll pity me and walk away. In comedy laughter settles all arguments."
E que país vos lembra esta próxima citação, sobre pseudo-intelectuais a fazer cinema:
"The world's screens are frequently stained by pretensious filmmakers who wish to be regarded as another Fellini or Bergman, but unlike Fellini or Bergman cannot create original works, so they go to equally pretensious funding agencies with a copy of Proust or Woolf in hand, promising to bring art to the masses. The bureaucrats grant the money, politicians congratulate themselfs to their constituents for bringing art to the masses, the director gets a paycheck, the film vanishes over a weekend."
Nos próximos três dias vou estar a ouvir um homem, que como eu, só quer apreciar boas histórias, bem contadas...
hug,
gui
Thursday, November 13, 2008
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3 comments:
Eu sou muito atenta e sabia :P
Se não voltares tens 10 (well 9 actually, uma poderá pairar vagamente por ali) pessoas à perna porque precisamos de ti segunda, verdade?
Enjoy!
Beijinhos
Marta
AHHH É TÃO CARO ESSE SEMINÁRIO. queria tanto ir.
Desculpa dizer, tracey,
Valeu cada euro... :P :)
bjinh,
gui
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