Mas uma cerimónia em que a introdução é um cliché de um cliché.
Em que os apresentadores davam ar de querer estar no sofá, em casa.
E onde a Celine Dion canta... é uma má cerimónia.
A organização do evento esteve durante semanas a publicitar que queria apelar a um público mais jovem. Que queria um público mais actual. Aquele que "gasta dinheiro", sabem? E por isso, escolheram dois actores saídos da puberdade - calma, lembrem-se que o Kirk Souglas subiu a palco. É por comparação. - provando mais uma vez que há um problema grave de apresentação nos Óscares.
Durante anos foram comediantes a apresentar. Nunca houve problemas.
Há uns anos tiveram o Jon Stewart. Parecia o Bob Hope dos nossos dias. Foi espectacular. Não o chamaram outra vez.
Depois puseram o Hugh Jackman. Dançou, cantou, deixou as velhas guardas dos Oscares com ponta. Mas cansou a população mundial que não tinha acções do evento e as audiências sofreram.
No ano seguinte, puxaram pelo lado cómico-vintage do evento. Alec Baldwin e um ressuscitado Steve Martin disseram piadolas a gozarem um com o outro. Um "bro hosting" para velhotes de cabelo branco. As audiências continuaram a sofrer.
Este ano optaram por chamar a Anne Hathaway e o James Franco para apresentar. Ops. O James Franco quis ser de facto "jovem" e fumou coisas de "jovens" e a Anne Hathaway só se ria como uma pita que entra no mesmo elevador do cast do "Twilight". No que toca à execrável, lenta e desconfortável apresentação houve dois momentos que serviram de atestado de incompetência: um velho de 736 anos chamado Kirk Douglas e o Billy Cristal estiveram 5 minutos cada um em palco e fizeram o público rir-se mais do que os apresentadores durante toda a sua carreira. O momento de revista portuguesa em que o Franco aparece vestido de mulher é a metáfora mais acertada da noite.
Nem no ano da greve dos argumentistas - que contou com um guião de evento escrito em cima do joelho a 4 horas de chegarem as limusinas - a coisa foi tão insossa. É que mesmo os apresentadores sabiam que iam rematar ao lado. Estarem semanas antes do evento a dizer em todas as entrevistas que "não somos comediantes, somos actores" devia ter sido traduzido como "nós não vos vamos fazer rir, só fomos pagos para estar lá".
É muito complicado apelar a todo o público do Óscares. Eu sei. Mas se por um lado há uma grande fatia de judeus ricos e conservadores, do outro há a comunidade que paga bilhetes no cinema, que é jovem, inteligente e fã de boa comédia. Que sentido faz terem o Billy Cristal a apresentar apenas um prémio e dois apresentadores perdidos, desconfortáveis e arrependidos o tempo todo? Chamem o Gervais. Chamem o Jon Stewart. Bolas, chamem o Kevin Spacey.
A escolha destes dois para apresentar era sempre uma merda. Até resultar.
Como não resultou. É só uma merda.
A única coisa que me surpreendeu foi o "Oscar de melhor filme".
A organização fartou-se de dizer que queria apelar ao público jovem - e até teve a coragem de mostrar imagens do "Twilight" em plenos Óscares. O mundo árabe revoluciona-se e fá-lo sempre através do Facebook. O Zuckerberg é brilhantemente imitado em ecrã e é mais judeu que toda a produção dos Óscares no dia de Hanukkah. Tudo fazia indicar que o lobby do "eu gosto" iria fazer história. Mas eis que entra um rei gago e me fode as apostas. Eu adorei o "Discurso do Rei". É um filme que merece tanto prémios como ser visto. Mas também é um filme que podia ter saído tanto este ano como em 2014. Inexplicavelmente o filme sobre o site de internet mais importante e marcante da década - em termos económicos, políticos e sociais - recebe um "maybe attending" que se lixa.
Os prémios até foram justos.
A apresentação foi má ao ponto de me fazer desejar que a Barbara Guimarães aparecesse e salvasse a noite.
Aos Óscares 2011 digo: não fosse a Mila Kunis e a aparição do Delorean, eu queria ter fumado o que o James Franco fumou.
Acabo deixando aqui as parvoíces que fui dizendo ao longo do evento no Facebook.
Foram escritas de madrugada. Com sono. E irritado porque o "Inception" não estava a ganhar nada.
Mas percam tempo a lê-las. Vão rir-se mais do que com todo o texto dos apresentadores.
"O True Grit é definitivamente o mais fraquinho dos "grandes". E o Braga, vá."
"A julgar pela cor dos dentes do James Franco, ele cortou o braço foi à dentada."
"Não deviam interromper os discursos longos com uma orquestra. Deviam fazê-lo com uma arma."
"Se a Celine Dion cantar alguma coisa hoje, eu corto um braço."
"Já ouvi um "Fuck" nos Óscares. Já posso morrer."
"Se alguém se cruzar com a Mila Kunis, digam-lhe que "96 885 38 ..."."
"Para se estar nomeado para "Melhor Actor Secundário" é preciso parecer que se tem um problema de drogas. É isso?"
"Ao Bale não deviam dar uma estatueta. Um director de fotografia para espancar é mais a cara dele."
"Ok. Esqueçam tudo o que eu disse até agora. Se se cruzarem com a Scarlett digam-lhe que "96 885 38 ..."."
"Não sabia que estava a assistir a um exame de matemática do 9º ano. Cábulas?"
"Olha. A música que os Black Eyed Peas foderam à bruta."
"Eu ainda sou do tempo em que quando se apostava em curtas com putos cancerígenos, se acertava."
"Foi o Bansky que pintou a cara à Oprah?"
"O meu mac está com "14%" de bateria. Já é alguma coisa que tem em comum com o James Franco."
"Nota-se mesmo que a Jennifer Hudson foi ver o "127 Horas" e que aquilo lhe deu a volta ao estômago."
"James Franco, dá-te por sortudo de não haver controlo anti-dopping nos Oscares."
"Vê-se mesmo que é a TVI... isto está a acabar com putos a cantar."
"Amanhã não se esqueçam de avisar toda a gente: os links que disserem "os melhores momentos da cerimonia" são vírus."
Até 2012.
1 comment:
se o social network ganhasse melhor filme nunca mais via os oscares ou pagava 1 bilhete de cinema! a sério, melhor filme gui????
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