O cinema de autor está a ter orçamentos grandes, explosões e a agradar a muita gente. O cinema que está a mudar a história do cinema está, além de fazer amor e miminhos com a nossa exigente intelectualidade, a agradar visualmente. Entretêm, além de nos surpreender, hipnotizar e rejuvenescer.
Para falar de “Inception” quero ir buscar o “Matrix”. Na minha opinião, “Matrix” é o filme mais importante dos anos 90. Sim, eu lembro-me do “Titanic” e do peso que teve mas foi o filme dos irmãos Wachowski que mostrou ao cinema, uma nova linguagem, um novo estilo, um novo caminho. O "Titanic" só pôs adolescentes a chorar compulsivamente, não mudou nada a não ser a carreira dos protagonistas.
O “Matrix” redefiniu a maneira de se contar histórias tendo em conta a componente visual. Porque, porra, é importante. É cinema, de que estamos a falar! É um ecrã gigante, convém que seja atractivo além de bom. Nesta década em que estamos, que filme fez isso? O “Avatar”? O “Avatar” fê-lo apenas em termos técnicos. Tem essa importância, de facto, mas sem chegar ao patamar da história e da emoção. Matrix tinha tido isso. 11 anos depois, aparece-nos “Inception”, um filme que volta a vincar os dentes no lombo da história do cinema.
Tal como “Matrix”, “Inception” é novo, original e comercial. É uma lufada de ar fresco que demonstra que o cinema não morreu. Que ideias originais, boas e megalómanas podem chegar a grandes ecrãs e redefinir a maneira como o cinema vai ser feito. (Mesmo tendo em conta que aqui se inventa mais que no Matrix, altamente baseado no “Ghost In A Shell”).
Não vou falar da história. Porque o meu blog é pequeno e porque ela tem de ser acompanhada (e bem acompanhada) pelo espectador na sala. Vou dizer que é O meu tipo de histórias. Os meus filmes favoritos são “Fight Club”, “Memento”, “Eternal Sunshine Of The Spotless Mind”, “Oldboy” e “Shutter Island”. O que têm em comum? A exploração das capacidades, defeitos e virtudes da mente humana. E “Inception” mexe-se nessa praia. Mas num canto dessa mesma praia onde ninguém ainda pisou areia.
Ontem sai da sala com a mesma cara de parvo, no mesmo estado de choque, que sai dos melhores filmes da minha vida. Ontem sai da sala de cinema com o mesmo “gostinho” na boca dos filmes mais importantes da minha vida. Sai da sala de cinema contente por saber que o cinema ainda pode ser original no meio de um mar de remakes, sequelas e chicletes coladas em tampos de cadeiras. Sai do cinema sabendo que ainda há génios que vão ficar na história da sétima arte. Sai do cinema com a consciência de que Nolan me tinha implantado uma ideia no subconsciente (quando sabemos que uma ideia pode mudar a maneira como nós somos...)
Se eu gostei de “Inception”?
É o tipo de filmes que me levou a estudar cinema.
É o tipo de filmes que me levou a querer escrever para saborear a vida.