O Rafael foi ver o novo Shrek.
Acho que as férias de verão lhe vão fazer bem...
“Shrek Para Sempre!” – … ou uma crise de meia-idade trocada por miúdos~
CONTRA PICADO/GF – Ele é verde, porco, anti-social, tem um amigo irritante, um gato passivo-agressivo como animal de estimação e uma mulher travestida. Se ainda não percebeu que estou a falar de Shrek e julgou que era mais um desenvolvimento no caso “bebé do Ronaldo”, é porque ainda não fez o luto pela morte do “24 Horas” como deve de ser. Shrek é um antipático monstro verde que começa sozinho e embirrante e acaba casado e embirrante. No fundo, acompanhar a saga de Shrek é como ver aquele vosso tio afastado jantar no dia de natal, mas com um grave problema de pele. Depois de casar, ter filhos e ficar rei chega o 4º capítulo da história: Shrek tem uma crise de meia-idade e repensa toda a sua vida. E se no mundo da fantasia não se pode encornar a mulher com uma universitária e trocar o carro de um Fiat para um Mercedes, tem de se fazer pactos mágicos com anões. Sim, com anões.
“Shrek Para Sempre” é o primeiro filme para crianças a retratar uma crise de meia-idade, ultrapassada à base de drogas duras e contactos no submundo do entretenimento de cabaret. E por muito que digam que este é o “último capítulo” da saga, sabemos bem que podemos esperar um “Shrek 5: quando o Viagra começa a ser a única solução”, “Shrek 6: a reforma é para todos” e o “Shrek 7: internado num lar porque já não consegue cagar sozinho”. Quer mesmo levar o seu filho a ver isto? Será que lhe interessa mesmo a crise de meia-idade de uma personagem de animação verde? Ele não vai saber lidar com temas tão adultos. Lembre-se que para o seu filho, “crise de meia-idade” é apenas uma palavra cara que descreve o momento em que lhe disse “filho, o papá não dorme em casa há duas semanas porque está a comer a secretária do emprego dele”. Poupe-o a tal espectáculo. A quadrilogia de “Shrek” não é uma alegre história de animação, é o que resultaria se um reality show violasse o Baby Tv num beco escuro em Telheiras.
O meu conselho desta semana é uma peça cinematográfica que cedo se tornou uma obra de arte valiosíssima. A obra tem a duração de duas horas, todas preenchidas por imagens de uma única câmara de segurança, posicionada na parede da secção de sofás de um Ikea no Sul de França. Durante todo o tempo de filme, famílias escolhem divãs, casais de namorados inauguram poltronas e crianças esfarelam o forro de bancos rasteiros com os dedos. Não tem realizador (atribui-se a obra ao técnico da Securitas que instalou a câmara no local) e a cassete com a gravação foi vendida na Sotheby’s de Londres a semana passada por 3, 7 milhões de libras a um magnata russo para ser utilizada como screensaver num pc. Uma obra inóspita, inesperada e genial que nos força um olhar violento e decadente na nossa humanidade consumista e desejosa de um lugar para sentar o nosso rabo adormecido.
As seen on O Indesmentível.
Thursday, July 08, 2010
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
No comments:
Post a Comment