Thursday, July 22, 2010

Picado vs "A Origem"

“A Origem” – …de muitas horas mal dormidas

CONTRA PICADO/GF – Já vos aconteceu adormecerem a meio de um filme no cinema? É tão bom quando o filme é mau, não é? E pensar que há quem pague centenas de euros por um quarto de hotel quando por 5 euros, a cinematografia americana já me ajudou mais com as minhas horas de sono que toda a gama de produtos da Xanax. No entanto, adormecer a ver “A Origem” é demasiado confuso e pode mesmo ser perigoso para a nossa saúde. “Passar pelas brasas” a meio de um filme sobre sonhos é como sentirmos a necessidade de nos despirmos enquanto assistimos a um striptease: quando acordamos estremunhados, é complicado saber quem estava a fazer o quê a quem. E de quem é aquela baba. Eu honestamente, acho que o objectivo de Christopher Nolan era mesmo adormecer o espectador e hipnotizá-lo com mensagens subliminares sussurradas de trás para a frente por Leonardo DiCaprio, para que quando acordasse, sentisse que não perdeu os 5 euros que pagou pelo bilhete.
O plot é tão complicado e desconexo como um discurso do Primeiro-Ministro na Assembleia, e o espectador ou adormece ou fica a precisar de terapia freudiana de último grau. É como quando um computador fica lento: o utilizador pode optar por desligá-lo imediatamente ou passar umas horas com vontade de bater em alguém. Se fazem questão de ir ver o filme, capacitem-se que acompanhar “A Origem” é tão produtivo como caçar gambozinos, com GPS, caçadeira e um técnico especializado em zoologia que partilha connosco droga marroquina. Mas é incrível com o filme resulta: fiquei com pesadelos e tenho a absoluta consciência de qual é a sua “Origem”.No que toca ao meu conselho cinematográfico de hoje, fiquem conhecendo Leia Sacra Putre. Directamente vinda do Congo, esta realizadora totalmente gaga criou um novo tipo de arte visual. Inspirada pela sua gaguez, Leia está a fazer o mesmo filme há 28 anos sem que o consiga terminar. A autora está encravada na 23ª cena do seu filme, sem conseguir mudar de plano. O filme já tem 197602 horas gravadas, em que os actores repetem incessantemente o mesmo diálogo sem conseguir terminá-lo. Espera-se que “A love that nev… nev… nev…” esteja terminado antes de 2020.

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