Saturday, August 22, 2009

All garve and no lisbon make Gui a happy boy #2.5

Embora pareça mas não ameace, a noite dos “100 metros” de 75cl de cerveja não acabou por ali.
Horas depois do desafio com o meu amigo S., já eu estava bastante para lá de “Bagdad”. Digamos que eu já era nessa altura uma central de cervejas móvel, em busca de toda e qualquer casa de banho que encontrasse… quando me cruzo com uma rapariga no meio da rua.
Não sei porquê, juro que não sei, disse-lhe “boa noite”. Sim, é bem-educado cumprimentar as pessoas com quem nos cruzamos, mas uma estranha que se cruze com um rapaz semi-alcoolizado que lhe diz boa noite não vê “educação”, vê “engate rasca”. E vê bem. A verdade é que eu não a estava a engatar, nem nada do género (desculpa, Zézé), estava apenas a ser engraçadote e cordial.
Enquanto esperei apenas uma reacção fria e distante, ou mesmo nenhuma recção – o esperado na situação que descrevi – ela respondeu. E foi aí que entre na “twilight zone”.
Disse boa noite e ouvi as últimas palavras que esperei na altura. “Não é nada uma boa noite! A Maria arranja-se toda porque faz anos, sai à noite toda bem disposta e as amigas dela de repente desaparecem… Não sei delas…”. Primeiro pensamento que tive na altura: é bom não ser o único alcoolizado no Algarve. Segundo pensamento que tive na altura: isto vai dar “molho”.
Resolvi entrar na toca do coelho, caindo até um mundo onde encontrasse a Alice e a sua mesa longa de chá, repleta de chapeleiros loucos.
“Primeiro que tudo, parabéns, Maria. Que contes muitos e bons. Agora vamos lá procurar as tuas amigas… viste de que lado?”. Com estas palavras entrei numa situação de semi-flirt/desenrascanço de uma donzela embriagada/parvoeira de verão. Ela agradeceu os parabéns – nunca olhando para mim como um violador, o que foi agradável - pediu mais uma vez para eu olhar para o vestido que alegremente tinha vestido para a ocasião e explicou de que lado é que vinha. Eu alistei-me nessa altura para procurar as amigas dela.
Nos dez metros que percorremos para encontrarmos as amigas dela percebi duas coisas. Primeiro, que ela era um “peixe de aquário”. Não há outra explicação para se ter perdido das amigas ali tão perto que não fosse ter uma memória de apenas 3 segundos. Segundo, que se chamava Maria Bettencourt, que era divertida e que podíamos ser amigos. Porquê? Ela em 30 segundos que esteve comigo disse que eu tinha piada. Sim, estava bêbada. Sim, a cabeça dela obviamente não estava a funcionar na total das suas capacidades. Mas disse.
Quando avistamos as amigas, a loucura cresceu de tamanho. “Olha, vou dizer-lhes que és amigo da minha irmã. Chama-se X, não te enganes.” Eu nem tive tempo de responder ou sequer criar um raciocínio lógico que fundamentasse uma necessidade para tal afiliação. A Maria já estava com as amigas. “Então, onde é que vocês andavam?! Deixaram-me ali… Este é o Guilherme. É amigo da minha irmã.”
Eu já disse piadas, em espectáculos, que não resultaram minimamente. O silêncio e a animosidade que presenciei nesses momentos não foi nada em comparação com o que as amigas da Maria me mostraram naquela altura. Tornei-me invisível. Fui ignorado e olhado de lado como se tivesse Gripe A, malária, herpes genital e cartão de sócio do FCP, e tudo publicitado na t-shirt. Foi então que percebi. Estas “amigas” da Maria tinham-na perdido de propósito. Eu fui o c*br*o que a trouxe de volta. Em poucos segundos despedi-me da Maria Bettencourt e pirei-me dali. Precisava da realidade de volta. Nunca tinha precisado tanto dela. A Maria era gira de corpo, feia de cara e louca de universo.

Epílogo: Três dias depois vim-me embora do Algarve. Parei numa bomba de gasolina e olhei para a capa da Bola. É costume. Sou português e tenho pénis. Mesmo que não queira, a minha biologia obriga-me a relançar pelas capas desportivas. Na capa da Bola estava uma notícia que figurava o Presidente do Sporting a dizer bem das contracções do Benfica. Enquanto me ria e imaginava o como os Sportinguistas iam gostar daquilo… lembrei-me do apelido da Maria “não sei das minhas amigas, faço anos e estou de vestidinho especial para passar a meia noite”. Bettencourt. A Maria era feia de cara porque era igual, prensada a quente em máquina industrial, do presidente do Sporting. Naquela altura estava capaz de apostar um testículo, com opção de lateralidade, que ela era a herdeira do actual presidente do Sporting. Mas…

ADENDA NECESSÁRIA: …convém dizer, para o bem da verdade “desportiva” (várias camadas existem nesta escolha de termo) que ela não era filha dele. Era só mais uma Betencourt dos muitos que devem existir em Lapas e Quintas do Lago desse país fora. Mas se quiserem, e eu dou-vos total permissão para isso, podem contar esta história como se fosse. A história merece. Nem que seja, em honra da total insanidade que foi o meu encontro imediato de grau 1.5 de alcoolémia.

1 comment:

François vitel said...

"Gripe A, malária, herpes genital e cartão de sócio do FCP"
Confirmo que destas 4 tens duas.

Se a bacana n tinha cabelo branco nao podia, em instancia alguma, ser a filha do sporting. Shame on you.