Este foi o mais complicada até agora.
Estar sem Facebook foi o que custou mais. Mas era fácil.
O que tinha de evitar fazer era simples e directo.
Esta semana, o caso foi mais complicado. Não aceitar nada de ninguém não ocorre apenas quando estamos ao pc. Não é uma página na qual não podemos clickar. É um estado de espírito. Uma definição constante.
Não posso dizer, em plena consciência, que a semana foi um sucesso. Não sei. Fartei-me de negar pequenas oferendas e sugestões, porque a isso era obrigado. Mas não faço ideia de todas as vezes que a resposta foi mecânica. Incontrolável. Inconsciente.
A primeira coisa que procurei negar foram pedidos pela Internet. É mais fácil negar uma coisa quando temos tempo para pensar nela. Um convite de amizade no Facebook é um botão azul num ecrã branco. Não é um par de olhos e uma mão estendida. Amizades no Facebook, eventos no Facebook, contactos pelo Hotmail, sugestões de tudo e mais alguma coisa... foi tudo corrido a "não". A parte cibernética estava safa.
A parte humana era mais complicado. E deu origem a alguns confrontos e "tecnicalities" que foram sendo corrigidas. Sim. Porque tenho uma cambada de amigos a que alguns chamariam de "desafiadores". Eu, chamo-lhes "*a**ões".
- A primeira é a negação da oferta. Foi das primeiras que me tentaram forçar. Se me disserem "queres não levar uma chapada?" eu teria de dizer que não. Errado. Eu não me transformei no Miguel Sousa Tavares, eu não tenho de negar tudo o que me dizem. Eu tenho de rejeitar o que me oferecem. Logo, a resposta a "queres não levar uma chapada?" seria um simples e directo "sim". É a reposta que assegura que continuo na mesma. Sem nada de novo.
- A segunda não era gramatical. Era temporal. Imaginem que eu quero comer uma maça. Levanto-me, dirijo-me ao local onde as maças estão e quando vou a pegar numa, alguém diz "queres essa maça, guilherme?". A pergunta vem com o objectivo de me impedir de a comer. Errado. Ninguém me está a oferecer nada. Estão apenas a confirmar a minha acção. Como não sou de ter dúvidas daquilo que faço depois de tomar uma decisão, comi a porra da maça. E de boca aberta, só para chatear.
Mas a questão pertinente é "se eu não podia receber nada, como é que passei o dia de Natal?". Fácil.
Na minha família, quando eu era pequeno, havia o costume de, à meia noite, a pessoa mais nova se dirigir à árvore de Natal e distribuir os presentes um a um, por toda a gente. Demora mas é carinhoso. Todos vemos os presentes de todos, um a um. Com o mais novo a fazer o papel de dealer.
Com o tempo, a quantidade de prendas foi diminuindo. O número de pessoas na família, movidas a divórcios e mortes, também. E a idade dos intervenientes foi subindo. O Natal começou cada vez mais a tornar-se um "jantar com o triplo das sobremesas" e menos um "dia de crianças". O que eu fiz nesta noite de Natal foi assumir o papel de distribuidor. Reavivar a tradição, o momento do "abrir a prenda". De dar importância ao segundo mais perigoso de todo o Natal: aquele em que descobrimos se vamos receber perfumes ou alguma coisa de jeito.
E assim...
...não me foi dado nada, porque era eu que estava a dar. Bingo.
Porque mais do que de dar, o Natal é uma época de receber.
E eu consegui pegar neste clichê mastigado, e fazer dele brincadeira parva.
Foi um bom Natal.
Monday, December 27, 2010
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