Há cerca de cinco anos atrás mudei de casa.
E naquele que é um processo chato e lento, não tinha qualquer aparelho que me permitisse cozinhar.
Muito ao estilo de um concorrente do "The Biggest Loser", andei semanas sem fogão, micro-ondas ou sequer uma torradeira.
Do outro lado da rua havia um café, onde, por necessidade e proximidade, começámos a ir comer diariamente. E quem nos servia todos os dias? Uma rapariga simpática, tímida e que insistia, com alguma veemência, em ser atraente. Quando nos brindava com o seu profissionalismo na área da restauração, era sempre a mim que dava o primeiro menu, que perguntava se estava tudo bem ou a quem dava a conta no final da refeição. Um pedaço de reactor de um avião da TAAG caído na margem sul pode ser, mas um gajo não é de ferro.
Entretanto, e num cockblocking que ainda hoje não lhes perdoo, o fogão, o micro-ondas e a torradeira chegaram finalmente. Vilipendiando aquilo que podia vir a ser uma bela história de amor, deixei de ter razão para lá ir e passar horas a trocar olhares pueris com a dita da empregada.
Como estava acabado de entrar na faculdade, tinha de acordar cedo. Como tinha de acordar cedo, tinha cara de cu e bastante sono. Como tinha bastante sono e cara de cu, achei que precisava de café. Nunca tinha bebido mas parecia ser o remédio mais popular entre as pessoas com o mesmo sono, e a mesma cara de cu que eu tinha na altura. Agora, onde se bebe café? Exactamente. Do outro lado da rua. Naquele café. Esse mesmo. Parecia-me uma desculpa mais do que razoável. Não?
Comecei a sair de casa 5 minutos antes. A levar a cara de cu. A atravessar a rua. E a beber um café tirado pela minha amiga. Hoje em dia posso dizer, com um misto de vergonha e orgulho, que sou viciado em café por causa de uma mulher.
Posso não tomar banho todos os 365 dias do ano.
Posso não lavar os dentes todos os 365 dias do ano.
Mas garanto que bebo um café em todos eles, sem falta.
E depois de uma semana a combater um vício, não há nada como combater outro.
Depois do Facebook, será a cafeína. Ou melhor, 7 dias sem ela.
Há quem diga que vou ter muita dor de cabeça, falta de energia e "carrancudismo" mas também não estou com paciência para vos aturar. E escrever está-me a cansar...
Aos interessados: Em relação à rapariga, a sacana desapareceu daquele café semanas depois.
É triste, mas dela nunca consegui mais do que largas e variadas doses de cafeína.
Monday, December 13, 2010
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