Thursday, September 02, 2010

Picado vs "Karate Kid"


" “Karate Kid” – …cinema americano feito nos chineses

CONTRA PICADO/GF – Há quem lhe chame “coincidência”, há quem lhe chame “destino”, há quem lhe chame “demência”, mas quando dois acontecimentos totalmente autónomos revelam tanta ironia ao serem divulgados ao mesmo tempo, eu gosto de lhe chamar “Quinta-feira de novas estreias”. Na semana em que estreia “Karate Kid” – um filme sobre um adulto que ensina a um petiz as mais árduas lições da vida – o maior processo de pedofilia chega ao fim em Portugal. E se julgavam que as escutas do processo “Casa Pia” eram evidentes, esperem até ver Jackie Chan a pedir a um miúdo de 13 anos para vestir, despir, vestir, despir, vestir e despir o casaco que tem vestido numa cena de treino. E além de pedófilo, este filme consegue ainda ser xenófobo, como toda a boa escola cinematográfica americana. Durante anos utilizaram o cinema para bater nos índios. Quando não sobrou nenhum, viraram-se para os Russos. Agora que estão ocupados com os Iraquianos, usam as suas próprias minorias mais escuras para irem bater noutra superpotência, os chineses.
Um filme sobre um miúdo negro a dar pancada em chineses é quase terapia freudiana. É a maneira dos Americanos limparem a casa sem sujarem as mãos. “Karate Kid” é mais pornografia para políticos republicanos que cinema de aventura para crianças. Se as crianças quiserem andar à pancada falam ao telemóvel numa sala de aula, não precisam de emigrar para o meio de triads chinesas. E não posso ainda deixar de falar do facto deste filme ser um remake. No meio de um verão repleto de “pratos de ontem reaquecidos no microondas” parece que Hollywood ou tem amnésia ou acha que os seus espectadores têm amnésia. Quando no fundo, eu é que gostava de a ter, para sair da sala sem me sentir como se tivesse comido uma lasanha de 1984, que ficou esquecida no fundo do frigorifico.

O meu conselho cinematográfico desta semana está directamente ligado às carreiras profissionais dos vilões de “Karate Kid”. Em 2005, um alemão chamado Gustav Klimt Vreingeir visitou 3968 lojas de Chineses espalhadas pelo mundo com uma câmara de filmar de 8mm na mão. Em cada estabelecimento que encontrava, filmava durante 7 segundos todos os produtos que custassem “3,55” na moeda da zona. O filme tem 3 horas e 55 minutos de duração, naquilo que se pode chamar um catálogo do que é a globalização do capitalismo abrupto e violador."

As seen on O Indesmentível.

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