CONTRA PICADO/GF – Já comeu? Boa. É que há jantares – como o dado pelo Cavaco no Palácio de Queluz ou pelo Benfica aos seus atletas na altura do Natal – a que uma pessoa só faz bem em usar a sua melhor desculpa para faltar. E este “Jantar De Idiotas” é caso para usar as melhores armas de todas: um “Morreu-me uma Avó”, “O meu cão roeu-me um calcanhar” ou “Apanhei Alzheimer e não sei quem sou” são os mais aconselháveis. A narrativa é simples e idiota por si: numa empresa, o patrão dá um prémio ao empregado que convidar para um jantar mensal o maior idiota que encontrar. Quem ganha o concurso? O departamento de marketing do filme. E nem vos dá de comer. É que o que o espectador não sabe, e passa sem saber, mas o verdadeiro idiota a ser levado a alguma lado, é ele mesmo à sala de cinema. Se há altura boa na sua vida para fazer dieta, é agora. Esqueça as barrinhas de cereais e os batidos com sabor a diarreia de criança doente. Poupe o seu intelecto a um enfardamento de colesterol idiótico e passe ao lado desta refeição. Pense mais “Ghandi” e menos “Joana Vasconcelos”. Lembra-se quando a sua mãe lhe dizia, em pequeno, para não aceitar doces de estranhos? Eu, Rafael Contra, adultero essas palavras para “não aceite convites para jantar de qualquer idiota americano” – e perdoe-me a redundância.
O meu conselho desta semana pode não ser apreciado por todos os meus leitores mas é um belo pedaço de cinematografia. Em 1968, Chartion Shitlizt, um Francês com tourette corporal, resolveu fazer um documentário sobre os renegados da sociedade. Como? De uma forma brilhante. Colocou uma câmara no fundo de uma sanita de uma casa-de-banho pública e deixou filmar durante uma tarde. O resultado chama-se “Raining” e tem a duração de uma disenteria de grelhados. Chartion Shitlizt morreu durante a gravação enquanto tentava cortar uma sanduíche em dois."
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