Thursday, April 15, 2010

"Thirst"


Um ano.
Há um ano que estava à espera deste filme.

Sucessivos adiamentos na data de estreia.
Mais um mês, mais dois. Mais quatro.

Quando a data parou de mudar, era 15 de Abril.
Depois vi um concurso para ir à ante-estreia. Concorri. Ganhei.

Esperei tanto pelo filme e falei tanto do filme que me disseram imediatamente:
"merecias ganhar esse bilhete". Pois merecia.

Tinha o filme sacado e estacionado aqui no desktop há meses. E nunca sequer fiz duplo-click naquela porra. Queria vê-lo no grande ecrã.

É o meu realizador preferido. Park Chan Wook para quem desconhece.
Ninguém filma como ele. Ninguém escreve como ele. E ninguém conta histórias como ele. Acredito que para muitos ele seja "fora", "exagerado" ou "doente". E é.

Passa de uma cena de brutal violência para uma piada com uma subtileza, uma calma e uma naturalidade que não sabemos o que fazer. Passa de uma piada para um gesto brutalmente romântico com a mesma falta de pressa e não sabemos como reagir.

Depois de "I'm A Cyborg, But It's Ok" percebi que ele sabia contar histórias de amor. Mas que tinham de ser no seu estilo comicamente non-sense. Esse filme é uma história de amor sobre duas pessoas internadas numa manicómio. Uma rapariga que acha que é um cyborg que se apaixona por um rapaz que julga que consegue roubar partes da alma das outras pessoas. Percebem o que quero dizer? É lindo, calmo, romântico e estranhamente familiar.

Em "Thirst" as coisas ficam mais maduras. Há menos comédia. Mas há. Há menos infantilidade. Mas há. Há menos cores berrantes e brincadeiras alegres. Mas há.

"Thrist" é uma metáfora das relações em que as pessoas se "consomem". Se "sugam". Se "matam". Sobre as relações auto-destrutivas entre pessoas que se amam profundamente, que se sentem estupidamente atraídas uma pela outra... mas que quando se aproximam, se magoam. Por muito boas intenções que tenham.

Valeu a espera?
Os adiamentos?
O ano?
Valeu.

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