Thursday, May 27, 2010

Picado vs "Prince da Pérsia"


Ontem fui à ante-estreia deste filme no Colombo e por acaso vi o "Rafael Contra" por lá. Impressionante como este gajo odeia tudo o que vê. (E fuma cigarros de enrolar dentro da sala de cinema.) Eu não desgostei do filme assim tanto, agora ele...

”Príncipe Da Pérsia: As Areias Do Tempo” – …muita areia para pouco carrinho de mão

CONTRA PICADO/GF – A sensação que eu tive ao ver este filme foi a mesma de estar a comer uma taça de pregos com ácido à colherada, enquanto dois anões me limpam o umbigo com um berbequim, isto tudo enquanto estou no meio de uma “moche pit” num concerto de João Pedro Pais, no Rock in Rio. Não sei o que me chocou mais. Ver o Jake-juro-que-não-sou-mesmo-gay-Gyllenhaal inchado de esteróides ou o Jake-juro-mesmo-Gyllenhaal a experimentar um penteado à Joaquin Cortéz. É que se ainda fosse só uma das duas, eu aguentava as duas horas de filme sem problema, mas levar com as duas alterações de visual ao mesmo tempo fez-me ter pesadelos a noite toda com um espectáculo de sapateado homossexual, levado a cabo por seguranças de discoteca vestidos de licra. Continua a mania de adaptar jogos de vídeo para cinema, algo que seria um esforço absolutamente inglório se não fosse, a par com o “Salão Erótico de Lisboa”, a única maneira de tirar os nerds portugueses das suas escuras e sombrias tocas. É vê-los pelas salas de cinema pasmados com o filme mas também com outros seres humanos.
Outro jogo que estão a pensar adaptar para cinema é o “Monopólio”, o jogo de tabuleiro que mais famílias já desfez. Se o final do filme for igual a todas as sessões do jogo que eu tive em família, o terceiro acto é uma violenta discussão com o tabuleiro a voar pela sala de forma aerodinâmica. E mais digo, fosse eu a escrever o guião de “Monopólio”, o Madoff continuava na prisão, sem hipóteses de conseguir um cartão “Saia da Prisão”. Outro jogo que vão adaptar a cinema também? O “Cluedo”. Parece que faltavam vídeos de mistérios por resolver nos nossos ecrãs. Os “comités de inquérito parlamentares” não chegavam para uma longa-metragem. Resultado desta adaptação? “Rafael Contra. Sala de Cinema. Ak 47”. Para o desperdício de película em Hollywood ficar completo, só faltava adaptarem outros jogos como “Pac-man”, “Pong” ou o “Snake”, que vinha nos telemóveis nokia 3310. “Prince of Pérsia” é sobre um punhal que faz o tempo andar para trás, o que quer dizer que só puxou intelectualmente por mim quando me imaginei a usá-lo. Nunca teria visto o filme e tinha 2 horas, 5 euros e um estômago limpo de pipocas de volta. Eu ainda sou do tempo em que os filmes da Disney eram bonitas fábulas sobre amor, magia e amizade mas pelos vistos o Walt levou a sua equipa ao ginásio, encheu-os de esteróides e deixou-os correr de um lado para o outro com facas. Já estou a rezar para que tropecem.

As seen on O Indesmentível.

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