Belas e amigáveis palavras de Rafael Contra sobre a estreia desta semana... preparem-se.
“No limite da ilusão”: No limite da ilusão está o espectador que paga 5 euros para ver isto
CONTRA PICADO/GF – A sensação que eu tive ao ver este filme foi a mesma de ser alérgico à água e estar a fazer caça submarina, sem fato ou respirador, apenas com um arpão, espetado num cotovelo. Esta até podia ser uma boa semana. Ao olharmos para as estreias percebemos que é difícil sequer escolhermos uma sala para entramos porque não havendo nada incrivelmente pior, a mediocridade torna-se monótona. É como pegar num cd dos Buraka Som Sistema. Não é que seja mau, mas é tudo igual. No entanto, quando vi o “Wolverine-de-garras-para-dentro” ao lado do “Ewan eu-canto-para-Nicole’s-Kidman’s-a-morrerem-de-tubercolose McGregor” tive de entrar. “No limite da ilusão” para além de ser um filme mau, faz algo muito feio para atrair espectadores. Já tinha visto filmes americanos que atraem espectadores contratando e despindo uma actriz dotada de belos atributos físicos, mas vender um filme apelando ao espectador através de esquemas de sexo, de submundos sexuais, sem razão para além da publicidade que dá, é de baixo nível. Ver o trailer deste filme é como olhar para uma montra em Amesterdão: num ambiente degradante repleto de luz vermelha vemos uma narrativa de pouca roupa seduzir-nos através de “carne” que nós sabemos ir-nos dar uma indigestão. É feio. É como no futebol, marcar um livre quando a outra equipa ainda está a fazer a barreira. É como na política, despedir uma pivot polémica quando estamos a duas semanas de campanhas eleitorais. Ainda por cima, se tirarmos o erotismo deste filme, não sobra nada senão confusão narrativa e doenças sexualmente transmissíveis. No fundo, “No limite da ilusão” é apenas um “Eyes wide shut” barato e rasca, encostado numa esquina do técnico. E eu, que podia ter ido ver “Abraços Desfeitos” de Almodôvar, fui ver este degredo filmado a meia luz. Podia ter entrado num maravilhoso cabaret vitoriano e entrei num bar de alterne, paguei champagne a prostitutas baratas e ainda me roubaram a carteira. Peço desculpa ao Almodôvar, porque podia tê-lo ido visitar e não fui. O espectador, se decidir ver isto, que faça duas coisas depois. Peça desculpa a si mesmo por tê-lo feito. E vá ao seu centro de saúde ver se não ficou com herpes genital.
As seen on O Indesmentível.
Thursday, September 10, 2009
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