
Porque pode condicionar aquilo que vou dizer do filme, tenho de começar por dizer que nutro uma profunda admiração pelo senhor M. N. Shyamalan. Filmes como O sexto Sentido, O Protegido ou até mesmo A Vila são metros de película mais que bem gastos, que nos mostram da parte deste senhor mais um apto dote para o argumentismo que para a realização. Nao obstante, são grandes obras e estão na minha colecção, como deviam estar na de toda a gente. Tenho dito.
Sendo fã deste senhor foi com algum descoforto que sai da sala depois deste filme. Por muito que me custe é verdade. Sinto-me desiludido com o filme, porque 3 obras e meia (o Senhora da Água conta como meio) de qualidade não me faziam prever isto.
A Senhora da Água não me fez confusão, apesar de ter tido críticas valentes. Eu vejo o filme como uma "birra" para com todos aqueles que criticavam a sua previsibilidade nas histórias e narrativas, fossem os acusadores críticos conceituados ou john doe's da vossa rua. Por isso é que ele constroi metade do filme dando "trabalhos" a certas personagens e depois a meio as troca como se dum engano se tratasse. "Ai é? Estão-me a chamar previsivel? Então tomem lá um "monomito"/"arquetipo" fresquinho inventado por mim, com que vos posso chamar de anormais! Ha Ha!". A cena em que o crítico de cinema morre é a cereja no topo do bolo. Eu gostei do filme.
Em relação a este tenho de confessar que fiquei desludido. Para ilustrar aquilo que senti do filme vou usar a minha pessoa numa metáfora. Yupii! Eu estou no último ano do meu curso de argumento cinematográfico e tenho de apresentar um último argumento como trabalho final da cadeira. Estou bastante contente com o que escrevi e faço tenções de fazer este filme em algum ponto da minha vida. Indepedentemente da nota que tiver, professor. Agora imaginem que daqui a 20 anos sou um realizador/argumentista conceituado que já mostrou provas de que tem talento para caraças, mas que obviamente evoluio no seu trabalho e já sabe melhor "contar histórias". Tenho de apresentar um novo projecto e o que resolvo fazer? Ir buscar aquele argumento que fiz no meu último ano de curso. The Happening parece isto mesmo. M. N. Shyamalan foi buscar um argumento de "escola" e não lhe mexeu, realizou simplesmente como o encontrou.
Parece um enorme retroceso de qualidade em relação a qualquer coisa que já tenha feito o que na minha cabeça não pára de sublinhar a minha teoria. Os tempos narrativos são péssimos, as personagens mal dirigidas e escritas (saltam de comédia para profundo-drama num tocar de interruptor), os momentos dramáticos mal preparados e a história não tem twist ou sequer final. Algo perto disso, mas que sabe mesmo a pouco. Tipo bolacha de água e sal, mesmo.
Calma, apesar de achar estas coisas todas que digo aqui em cima, tenho de me pôr do lado do senhor M. N. Shyamalan em algumas coisas. Há dois momentos deliciosos. Quando a personagem principal (Mark Wahlberg) fala com uma planta de plástico e a frase "You deserve this" escrita no billboard da casa modelo. Pormenores que nos mostram que ainda há vida, ou algo parecido, na escrita e realização de Shyamalan.
Gostava de o ver admitir que aquilo é um trabalho de curso. A sério. E que nem teve boa nota esse semestre. Que ficou nostálgico e que lhe apeteceu realizar um argumento de "gaveta", porque por muito que me custe dizer, é isso que parece.
Shyamalan, tens mais uma hipotese.
Depois fico-me pelos dvd's da minha colecção.
Desculpa.
hug,
gui
4 comments:
Pois, só te faltou falar na parte de aparecem os microfones em cima cada 15min aproximadamente.
SPOILER ALERT!
Se bem me recordo, na altura que vão ver a casa e os putos tão aos gritos, e por acaso esqueci-me das outras, mas aparece imensas vezes.
Não percebo como aquilo passou na pós produção.
Pois de facto também se passou isso na minha projecção. Curioso.
A questão é que mutas vezes (pai 90% delas) isso é falta de jeito do projeccionista do cinema a que vais, que não sabe enquadrar a pelicula na máquina.
Portanto, se foste ver aos cinemas da praça de touros, aqui em lisboa... é do projeccionista que devia era virar hamburguers!
Se vsite noutro cinema qualquer... é preocupante porque se abre a possibilidade de ser mesmo do filme. O que é uma falha gigantesca e infantil num "Blockbuster"...
Volta sempre, Zeto
hug,
gui
pois, eu fui ver no cinema alvalaxia e a perche apareceu inúmeras vezes, portanto não deve ser do projeccionista infelizmente!
hm...tenho mesmo que ver, está na minha agenda. tenho medo de concordar contigo, porque não me queria mesmo desiludir-me com o senhor, mas pronto
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