Monday, January 31, 2011

7 dias #10

Todos os fins-de-semana vou aos mesmos bares no Bairro Alto.
Às mesmas discotecas no Cais do Sodré.
É uma espécie de caminho de santiago e eu um fiel seguidor. 

Foi ficando naturalmente assim. Mas há uns tempos, tentei inverter essa tendência. Não com muito sucesso.
Ao descer o Bairro Alto passava sempre à porta de um bar retro-chique-lounge-live-in-pop onde só via mulheres bonitas. Jurei um dia entrar por aquela porta. E algumas semanas depois, foi o que fiz. Eu e os meus amigos entrámos e sentimo-nos observados. Diferentes. A mais. Aproximámo-nos do balcão e pedimos cervejas. Não era claramente a bebida mais pedida ali. De copo na mão olhámos em volta à procura das mulheres bonitas que nos tinham sido prometidas. Nada. Havia bastantes mais homens que mulheres. Mas, curiosamente, o mesmo número de casais de qualquer outro bar. Foi então que percebemos o que se passava.
A nossa sexualidade estava para aquele bar como o F C Porto está para o campeonato português de futebol: isolada. Bebemos calmamente a nossa cerveja e saímos para outro local que fosse mais a "nossa cara".

Isto tudo porque tenho um mantra que gosto de respeitar.
Uma vontade que me serve nos melhores e nos piores momentos.
Um objectivo de vida que me uso como desculpa, método de motivação e conversa de engate.

"Não quero morrer estúpido".

E por estúpido, entenda-se inculto. Lerdo. Burro. Tapado. Desligado. Básico.
Basicamente, quero arrepender-me do que faço, nunca do que não faço.

Gosto de ouvir música nova. Comer pratos diferentes. Ver filmes antigos. Conhecer espaços escondidos.
Mas entre o gostar e o fazer, está a rotina. Dou por mim, todos os sábados a ir parar aos mesmos bares.
A sugerir sempre os mesmos restaurantes. A comer sempre os mesmos pratos. A ouvir sempre os mesmos links de youtube. Os mesmos cd's. A fazer sempre os mesmos atalhos.

Não quero acabar uma personagem de sitcom. No "Friends", no "How I Met Your Mother", no "Seinfeld" está-se sempre nos mesmos bares. Há cafés de que gosto muito, onde me sinto em casa. Gosto do calorzinho de se ser uma cara conhecida mas também gosto de conhecer caras. Não vamos de férias sempre para o mesmo hotel, para a mesma cidade, para as mesmas praias, pois não?

E se estas semanas têm servido para inverter-me sentidos e vontades, também podem servir para criar alguns novos.
Durante os próximos 7 dias vou conhecer um novo bar/café, por dia.
De Time Out e Lifecooler debaixo de olho, vou explorar os cantos obscuros e alcoólicos desta cidade.
Quero bares, tascas, esplanadas e outros sítios onde me sentem, me sirvam copos e me ponham o fígado a trabalhar.

No final da semana partilho moradas, descrição e opinião.
À morte da monotonia.
À mudança Obamaniana.
À vossa.

"Isto É O Q?" #18

Se calhar sou uma gigantesca criança de 3 anos.
É possível. Mas adoro o início deste episódio.

Do final prefiro abster-me a comentários.
Digo só que é um videoclip. E que somos o "Slumdog do audiovisual". E que não sei dançar.
E que é o melhor final de episódio de sempre. É isso.

7 dias #9: rescaldo

Eu joguei volleyball federado durante alguns anos.
Primeiro pelo extrenato onde estudei. Depois pelo Sport Lisboa e Benfica.

No meu ido nono ano, representava eu o clube do meu coração num torneio na Madeira quando a meio de um jogo, uma bola vem na direcção do meu peito. Eu fiz um passe por cima quando deveria ter feito uma manchete. (A quem não sabe o que é, apresento-vos o http://www.google.com/). Resultado? A bola embateu nas minhas mãos num ângulo que me rasgou um ligamento no polegar direito.

Deixei de jogar a partir desse jogo, desse torneio e nunca mais voltei.
Agora, e mediante doses de pontaria e azar, há pancadas ou gestos no e do meu polegar que me dão dores a roçar o estúpido. Não consigo praticamente mexer a mão direita e usar o polegar é quase tão doloroso como fazer a depilação genital com um maçarico. Há vários meses que não me acontecia. Aconteceu ontem durante um jogo de basket.

Porque estou a explicar isto? Por duas razões.
A primeira é a de que, apesar de inúteis, parvos e imbecis, estes meus desafios têm tido uma ironia sarcástica e divina que merece destaque. Na semana em que evito elevadores, o do local onde trabalho avaria. Na semana em que me dedico a ser canhoto, fico 48 horas sem conseguir mexer a mão direita. Acho que estes desafios vão acabar comigo morto.
A segunda é porque esta minha lesão anda há anos a fazer de mim um pouco ambidextro. Sempre joguei desportos que me obrigavam a usar ambas as mãos e este pequena grande falta de ligamento serviu, ao longos dos anos e das dores, para aprender a me desenvencilhar com a mão esquerda. Tinha de ser.

No entanto, eu não sou canhoto. Passei 7 dias a fingir que era, mas não sou.
Agora sim, acredito que os canhotos morram em maior quantidade e com mais facilidade. Só podem. Mais do que os Xutos e Pontapés, eles sim têm o mundo ao contrário. Nada está feito para eles. Tudo aquilo em que mexemos segue a mesma tendência do voto dos portugueses: é da esquerda para a direita. As portas dos frigoríficos. Os automóveis. Os ecrãs. O alfabeto. Até a porra dos pára-brisas. O mundo não está feito para os canhotos. O que para nós é usar uma tesoura para eles pode ser uma questão de vida ou de corte. O perigo que eu passei em 7 dias, eles passam uma vida inteira.

Experimentei tudo. Limpar-me depois de defecar. Cortar a comida. Escrever sms's. Usar rato do computador. Carregar em botões. Meter mudanças. Escrever. Cozinhar. Fazer zapping. E fiz figura de parvo quase sempre. Parecia um símio a separar o lixo num anúncio sobre reciclagem. O meu nível de imbecilidade atingiu níveis novos. Tirar o porta-chaves do bolso, isolar uma chave e abrir uma porta tornaram-se física quântica. Senti-me o convidado de um episódio do "Salvador" da RTP1. Regredi na evolução das espécies, não merecendo os polegares oponíveis que os meus paizinhos me deram.

Não antevejo que ser ambidextro alguma vez seja uma questão de vida ou de morte mas sendo destro, não perco nada em conseguir usar as duas mãos com a mesma destreza. Sabe-se lá quando é que será preciso fazer malabarismo, jogar à sardinha ou participar numa menage à trois? Porque haveremos de ser muito bons a usar apenas 50% do nosso corpo? Um jogador de futebol não valoriza se chutar com os dois pés com a mesma qualidade? Eu senti que ao longo da semana ia dominando melhor a mão esquerda. Se em 7 dias consegui comer sushi com pauzinhos sem parecer um doente de Parkinson, em 7 anos conseguiria escrever. É uma questão de me ir invertendo de vez em quando.

Por isso, acabo este rescaldo com um pedido:
Se se divertem com os meus desafios;
Se dão por vocês a visitar este espaço só para saberem de que maneira me ando a rebaixar esta semana;
Se dedicam um pouquito de atenção que seja a este espaço;
... então hoje, antes de se deitarem, lavem os dentes com a mão esquerda.

Por mim.
Juro que vai ser divertido.
Se não para vocês, será para quem vos apanhar.

Friday, January 28, 2011

Idoso de 83 anos recebe bolsa de estudo com 60 anos de atraso

ESTUDASSES/GF – Segundo denuncia do PSD ficou a saber-se que milhares de alunos do Ensino Superior em Portugal estão desde Setembro à espera das respectivas bolsas de estudo. O caso mais gritante é o de Josué Caraça, um idoso que recebeu ontem a bolsa de estudo de um curso que começou a tirar há cerca de 61 anos e 5 meses.
Segundo o Governo – e visto o atraso nesta entrega de bolsa – os alunos que pediram ajudas de custo o ano passado podem esperar recebe-las lá para 2134 ou “mais cedo, se se der outro degelo na terra”. Josué foi assim apanhado de surpresa, e apesar de nunca ter acabado o curso de serralheiro para o qual pediu a bolsa, espera gastar todos os 3 euros que recebeu em Ben-u-ron, já este fim-de-semana. Mas nem tudo na vida de Josué vem atrasado. Embora milhares de portugueses tenham tido problemas em receber a sms referente ao número de eleitor nas eleições presidenciais, Josué recebeu-a a tempo e horas, na tarde do passado domingo. O truque, diz ele, “foi ter enviado o pedido em 1983?. Josué Caraça sabe que não durará muitos mais anos de vida e só tem pena, de ainda hoje, não ter recebi o “cheque bebé” que foi prometido à sua tetra-tetra-avó, durante o terramoto de 1755.



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Thursday, January 27, 2011

De Perto Ninguém É Normal #13

E assim, chega ao fim.

Foram 13 episódios que me deram um prazer enorme fazer com o Pedro Silva.
Foi divertido ter um espaço de 5 minutos semanal cuja total responsabilidade era minha e dele. Ter de escrever guiões, gravar takes, editar imagens, vender o produto. Eramos donos do que fazíamos e isso sabia bem. Era o nosso bebé.

Foi bom descobrir que escrevemos bem a meias.
Foi bom descobrir que funcionamos bem à frente da câmara.
Foi divertido ter o feedback, semana após semana, de várias pessoas. Além da minha mãe, claro.

Não acho que todos os programas tenham sido bons mas para primeiro voo a solo no mundo do audio-visual, tenho orgulho do que fiz. E tenho de agradecer a quem ajudou. À Soraia Ferreira, que arranjava croissants de queijo e isto quando não estava a fazer figuração forçada. Ao Pardal, que filmava quando não estava a conceber pares de gémeos. Ao Luís, que nunca permitiu à nossa voz "picar". Ao Tiago Câmara, que se ria de nós enquanto nos "cortava". À Joana Marques, que ficava com mais medo de nós, a cada guião que nos aprovava. Ao Jerome, que fez a melhor parte do programa - o genérico. Ao Salvador Martinha e à Rita Brutt por terem perdido uma hora da vida deles a ajudar-nos.

E ainda, agradecer a todas as pessoas que carregaram num "play", ou se sentaram à frente de uma televisão, para nos ver. A verdade é que sem vocês isto teria sido possível, mas totalmente irrelevante.

O programa teve um início tremido mas depois assentou e sinto que com mais tempo, fazíamos um bom franchise do "De Perto". Somos mínimos e meninos no mundo da televisão e não dou 4 meses para ninguém se lembrar do que era o programa, mas nunca me esquecerei dele. Vai para o meu currículo e para o meu orgulho. Em formatações idênticas.

A um futuro em que se olha para as pequenas coisas com humor e subtileza, fiquem com o último episódio do De Perto Ninguém É Normal.
(Ah, e já disse que tem a participação da corrosiva e talentosa Rita Brutt?)

Picado vs "O Amor É O Melhor Remédio"

Acho que esta semana descobrimos um bocadinho do que se passa na vida amorosa do Rafael Contra.
Coitadito.

“O Amor É O Melhor Remédio” – …se a doença tiver Copa D

CONTRA PICADO/GF – Vou-vos ser sincero. A sensação que eu tive ao ver este filme foi a mesma de estar a jogar Mikado com luvas de boxe nas mãos, a meio de uma sessão de acupunctura com agulhas de farturas enquanto um epiléptico alcoolizado me faz uma vasectomia com talheres de plástico e um militante da JSD me recita o discurso de vitória do Cavaco nas eleições Presidenciais. Em forma de haiku. “O Amor É O Melhor Remédio”? Para quê? Para o mau cinema não será com certeza. Isso cura-se com movimento. De dentro da sala, para fora. O Amor não cura depressões, stress ou solidão. O amor apenas cura noites em que era suposto haver episódio novo do Biggest Loser mas a Sic Mulher resolveu pôr mais um programa do “Querido, Mudei a Casa”. E não cura porque o amor não existe. Pelo menos não nesta sociedade actual. Procuramos mamas pelo Facebook mas queremos chorar com novelas da TVI. Encontramos-nos com pessoas no banco de trás dos carros das mamãs mas depois não gostamos de nos sentir como o relvado do Sporting, usados e abusados.
O amor morreu. Já não é um sentimento. É um serviço. Já não é mágico. É pago e recebido a prestações orais. Chamem-me Medina Carreira da Paixão. Ou Pacheco Pereira da Primavera. Eu não me importo. Mas que a narrativa deste filme não faz sentido, não faz. O conceito de “felizes para sempre” morreu com a internet. Já não é “para sempre” é “até ao próximo convite de amizade que eu aceitar de um mulato da Brandoa”. Se um engatatão conhecesse uma mulher frígida não se apaixonava por ela. Fazia o que os portugueses fizeram às eleições presidenciais: ignorava-a. O que começa por ser meramente físico não acaba emotivo. O que começa meramente físico acaba em sms’s ás 4h da manhã em noites de Bairro Alto. O que é meramente físico acaba em visitas ao Centro de Saúde e em pomadas durante os próximos meses. O sexo é tão fácil e acessível hoje em dia. Devíamos ter raparigas em Monsanto, de mini-saia e top justos que por 25 euros à hora nos abraçavam, passavam a mão pelo cabelo e nos diziam que está tudo bem. Que a verdade é que “as pessoas não percebem as tuas críticas cinematográficas. Não és tu que és bruto, Rafael.” Querem ir ver isto? Mais uma história de amor escrita por americanos? Então força. Há quem goste de Ficção Científica, mesmo.

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Wednesday, January 26, 2011

Homens têm uma média de 3 horas de orgasmos na vida

ESTUDO RECENTE/GF – Segundo um ginecologista de Singapura, o homem moderno tem uma média de 3 horas de orgasmos durante a vida, isto se tiver sexo pelo menos duas vezes por semana e se nunca usar Crocs por iniciativa própria.
Com uma média de 2,5 segundos por orgasmo e uma vida sexual activa entre os 18 e os 58 anos, o total de gritos, gemidos e caretas acumula por 3 horas, curiosamente o mesmo tempo de duas partidas de futebol ou de meia mensagem de Natal do Cavaco Silva. No entanto há quem desgoste deste modo de êxtase a prestações. “Já com os bancos é a mesma coisa, amigo. Eu prefiro não ter nenhum orgasmo durante a vida e no dia em que morrer, gastar tudo de uma vez.” disse Ricardo Sá Soares, um homem que evita estar na mesma sala que uma mulher porque há 29 anos que não ejacula. Nas mulheres o caso já é diferente, visto que o orgasmo feminino dura cerca de 6 segundos. Logo, as mulheres têm uma média de 6 horas e meia de orgasmo na vida, sendo que dessas 6, é possível que 4 tenham sido a fingir. Mas no que toca a seres vivos, o humano não se pode queixar, já que se encontra entre o mosquito – que tem uma relação sexual de 2 segundos – e o Sting – que tem uma relação sexual de 7 meses e meio.



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Monday, January 24, 2011

7 dias #9

Uma adivinha:
- São 8 a 15% da população mundial.
- Foram injustiçados durante séculos, em várias culturas - chinesa, hebraica e latina, entre outras.
- Para os Incas e para a população dos Andes têm poderes de curandade e magia.
- Cientistas estão empenhados em provar que têm maior probabilidade de ser homossexuais - sem grande sucesso.
- Há quem defenda que morrem mais cedo.
- Têm maior probabilidade de sofrer alergias, enxaquecas e insónias.
- Têm maior probabilidade de estar em extremos da inteligência.
- Têm 3 vezes maior probabilidade de se tornarem alcoólicos.
- Eram os que em pequenos, depois de escrever, borravam tudo.

Quem são? Os canhotos.
Durante anos foram torturados e viram a sua predisposição natural contrariada devido a crenças, mitos e feitiçarias. Hoje em dia são aqueles que nos pedem para os ajudarmos com o abre-latas.

O meu pai dizia-me que uma familiar minha, afastada, conseguia escrever com as duas mãos. Era professora e dizia-se que ela começava uma frase do início com a mão esquerda e do fim com a mão direita, acabando-a no meio. Nunca assisti a isto. Mas gostava. Outro exemplo menos divertido, a minha mãe nasceu canhota mas foi forçada pelos pais a usar a mão direita para escrever. "Parecia mal" diziam-lhes na escola. Actualmente usa a mão esquerda para fazer tudo, menos escrever.

A escolha do lado predominante é natural e inconsciente. Se são destros é mais provável que chutem uma bola com o pé direito e ponham o olho direito numa objectiva para tirar uma fotografia. Defende-se que é possível prever qual o lado predominante numa criança antes dela nascer, pela mão que tem mais perto da boca. No entanto, e mesmo depois de vários milénios de existência, conseguimos pôr 25 pessoas dentro de um Mini e dar-lhes um prémio mas ainda não sabemos o que faz alguém destro ou canhoto. Só se sabe que tem haver com as duas metades do cérebro.

O lado esquerdo do nosso cérebro controla o lado direito do corpo. O lado direito do cérebro, o esquerdo.  O lado esquerdo do cérebro controla a linguagem e o vocabulário. O ritmo, a entoação e a expressão do discurso estão todas do lado esquerdo. O lado direito fica com a parte literal do discurso, o lado esquerdo com a parte contextual do discurso. A depressão, por exemplo, está ligada ao lado direito do cérebro. Suponho que isso justifique porque os canhotos se tornem alcoólicos com maior facilidade. Ou Sportinguistas.

Conseguir que os dois lados do cérebro façam ambas as actividades ao invés de cada lado fazer a sua, torna os processos mais rápidos e eficientes. Acho que se conseguirmos ser ambidestros, nos tornamos super-humanos. Gostava de conseguir ver no escuro. No entanto, e porque a maior parte dos instrumentos e ferramentas do dia-a-dia são feitos para destros, há o mito urbano de que os canhotos morrem com mais facilidade. Se pensarem nisso, computadores, carros, relógios, ou até a porta do vosso frigorífico, estão desenhadas para os destros. Somos bastante mais, suponho que isso evite os canhotos de tentarem fazer qualquer coisa em relação a isso.

Eu sou naturalmente destro.
E por isso quero ser canhoto.
Durante a próxima semana serei uma versão espelhada de mim próprio.
Vou procurar usar sempre a minha mão esquerda como mão dominante.

A ver se sobrevivo.
Ou se bebo demais.

"Isto É O Q?" #17

É simples.

É provável que o Unas seja despedido. Vá para a rua. Vá com os porcos.
Estará o Canal Q pronto para isso? Sim, está.
E com o olho nas audiências, seguimos o processo de trabalho do "Show Markl", estrela polar do canal.

Este é o último episódio da primeira série do "Isto É O Q?".
É ver.

De notar ainda: a fantástica cena de acção na abertura do episódio.
Eu desvio-me de um furador arremessado na minha direcção.

Sunday, January 23, 2011

7 dias #8: rescaldo

"Blue balls is the Slang term for a congested prostate or vasocongestion, the condition of temporary fluid congestion in the testicles and prostate region caused by prolonged sexual arousal in the human male often accompanied by acute testicular pain or testicular congestion due to prolonged and unsatisfied sexual excitement. The term is thought to have originated in the United States, first appearing in 1916.


Some urologiosts call the condition "epididymal hypertension".

E os meus não estão só azuis. Estão "Avatar": grandes, azuis e em perigo de vida.
Se foi isto que o Renato Seabra quis curar ao Carlos Castro, também me junto aos cordões humanos.
Isto dói.

Os testículos são máquinas de produção maciça de onde se tem de escoar produção. Se entupirmos esse processo, os trabalhadores fazem motins lá dentro. Somos geneticamente feitos para inseminar. Para fecundar. O nosso corpo todo responde perante os testículos. Sabiam que leva a um homem apenas meio segundo a perceber se "procriava" com uma mulher? Estamos programados para, em apenas meio segundo de contacto com uma mulher, sabermos se fazíamos filhos com ela ou não.

Sete dias sem ejacular é mais doloroso que desafiante. É bastante mais difícil do que educativo, vá. Se esta brincadeira provoca dor física, desconforto emocional e stress desmedido, porque raio há milhares de pessoas a fazerem-no pelo mundo? Que tipo de jura é preciso fazer para se contrariar um acto natural do nosso corpo? Porque raio alguém evitaria um processo natural da sua anatomia? Em nome de quê? Deus? Justiça? Amor? Respeito? Também deixariam de respirar ou de comer por isso? Não terão os conceitos trocados?

Costuma dizer-se que todos temos "amor para dar". Eu defendo que todos temos "sexo para dar". E receber. A sexualidade é uma energia específica que todos temos. Alguns muito mais do que outros. Mas seja ela em que quantidade for, é preciso ser usada. A única coisa que eu acredito ser possível é - e honrando-se Lavoisier - que ela pode ser transformada ao invés de perdida. Em alturas de mais trabalho, por exemplo, essa energia pode ser dedicada de outra forma. Aplicada noutro lugar. Mas a longo prazo, tem de ser gasta como a evolução das espécies assim o ensinou. Todos já lidámos com isso: a abstinência sexual leva a um estado de irritação, de stress e de nervosismo que é insuportável. Se temos esse tipo de energia específico e bom para gastar, que se gaste.

Eu lembro-me de, mais novo, curtir com raparigas, excitar-me e depois ir para casa resolver o assunto porque "doía". Mas isso são flirts inconscientes de adolescentes. Todos nós podemos bater uma, em qualquer lado, a qualquer hora. Perguntem aos deputados da Assembleia que não põe as mãos em cima da mesa. Não acreditei que fosse custar tanto fisicamente. Mas custou. E tudo por culpa minha.

Eu devia ter evitado tudo. Namorada, internet, mulheres na rua, tudo. Quanto mais tempo eu aguentasse sem uma erecção, mais tempo aguentava sem querer fazê-la valer. Se eu, durante estes 7 dias, evitasse excitação sexual, evitava chatices. Mas isso é complicado. Não estamos programados para evitar um processo mecânico natural. Não funciona assim. Tentem passar 7 dias sem se excitarem. Se ao início da semana a "vizinha" é só a "vizinha", ao final da semana a "vizinha" é a Bar Rafaeli. A nossa cabeça está de tal ordem pré-programada que nos "facilita" o processo. Presta-nos o mesmo serviço de embelezamento do álcool mas mais devagar.

A verdade é que eu não evitei porra nenhuma. Dormi na mesma cama que a minha namorada na quinta-feira. Fui a um bar de strip no sábado à noite. Vi fotos de mulher semi-despidas por todo o lado, sempre que possível. Era como se estivesse a desafiar o meu corpo, a ver se aguentava. Ele respondeu com dores. E só fez bem. Agradeço-lhe por isso.

Infelizmente, o sexo ainda não é visto com a devida naturalidade na nossa sociedade. Temos milhentas horas de pornografia nos nossos computadores mas nunca confessamos os nossos piores pecados aos padrecos das aldeias. Nos cafés conversamos sobre as mamas desta e daquela da televisão mas as nossas irmãs, filhas e mulheres, que nem sequer pensem em falar de vibradores lá em casa. Isso é uma "porcaria". Os bares de strip ainda são sítios soturnos e porcos. A prostituição ainda é feita atrás de arbustos em matas escuras. A sexualidade ainda é tabu. Quando queremos pôr os nossos filhos a falar disso na escola, é como se estivéssemos a esventrá-los com um saca-rolhas. É uma estupidez. Ainda somos um país machista, púdico e insolente no que toca a sexo. As mulheres privam-se dele porque "é uma coisa maldosa, que os homens querem delas a toda a hora". Os homens apoderam-se dele porque "é uma vergonha as mulheres divertirem-se com ele, ou sequer gostarem. Têm de ser umas senhoras como deve de ser". A verdade é que o verdadeiro prazer sexual ainda é visto como "um devaneio dos paneleiros e dos jovens libertinos".

A todos os retrógrados, pudicos e atrasados mentais que praticam "castrações" morais e religiosas todos os dias... vão-se foder.
É incrível. É como se toda a sociedade vivesse em permanente estado de "blue balls", em constante ansiedade e medo de gostar do que é bom, quando devíamos andar a virmo-nos mais e a sofrer menos.

Sexo é bom. Façam-no muitas vezes. Em locais diferentes. Com quem gostam.
No século em que estamos, no país ocidental em que vivemos, é preciso ser-se muito burro e descuidado para se acabar a verter pus da uretra. Ou a alimentar bebés aos 16 anos.

Agora, se me permitem, vou ali dar uma e já volto.

Saturday, January 22, 2011

População de Cantanhede promete votar este domingo em Renato Seabra para Presidente da República

(DE)VOTO/GF – Depois de um cordão humano e de várias missas em seu nome, a população de Cantanhede promete agora continuar a onda de solidariedade para com Renato Seabra e irá, já neste domingo de eleições, votar no jovem para “Presidente da República”. Ou “Presidente do Sporting”, é o que der.
“Lembro-me perfeitamente que quando o Renato jogava ao olho do cú connosco e ficava presidente, honrava sempre o cargo. Nem dava as duas mais baixas, nem nada. É um excelente moço.” disse uma vizinha a quem o Renato uma vez deixou passar à frente no Multibanco. A vizinha concluiu que “mesmo preso, é capaz até de se fazer ouvir mais do que o Cavaco, não?”. Renato Seabra, que continua preso em Nova Iorque, tinha inclusive sido escolhido para mandatário da juventude de Cavaco. Com a sua detenção, foi substituído por Acácio Medronho, um jovem desempregado, que é daltónico, estrábico, mongolóide e também o melhor aluno da C+S da localidade. É ainda de fazer notar que, para alguns analistas políticos, Renato Seabra pode mesmo ser o Presidente ideal: é esbelto, calado, consegue de terceiros aquilo que precisa e o único candidato que Sócrates não teria coragem para contrariar.

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Thursday, January 20, 2011

De Perto Ninguém É Normal #12

Atenção.

O Episódio do "De perto Ninguém É Normal" que se segue é o penúltimo.
Como há o habito irritante em Portugal de só se gostar das coisas depois de ela morrerem, eu - na qualidade de co-argumentista, co-realizador e co-apresentador do programa - gostava de vos pedir para começarem a gostar dele agora. Só para despachar.

Ainda não morreu, mas os médicos/administradores do canal, dão-lhe apenas mais uma semana de vida.
É aproveitar, re-aproveitar e reciclar.
Depois estará tudo pela internet e pela vossa box da MEO. Para sempre.

Esta semana, o episódio é sobre a máquina de flippers. Ou a máquina de multibanco.
Depende da idade que tiverem no BI.

Picado vs "Outra Vida"

O Rafael Contra andava meio adormecido.
Um misto de puro desalento e nada para fazer na vida.

Mas esta semana voltou à carga. Está chateado e acabou de ver um filme.
O resultado é isto.

“Hereafter – Outra Vida” – …era o que precisava o Clint Eastwood

CONTRA PICADO/GF – Eu vou ser sincero. A sensação que ver este filme me deu foi a mesma de estar a servir de palco da “Operação Triunfo”, preso ao chão por uma cola feita de Chocapic digerido por toda a equipa do Benfica enquanto espero por ser atropelado pelo carro funerário em que faz campanha o candidato Coelho. Ah, isto tudo ouvindo a malta de Cantanhede gritar que o Renato Seabra era bom rapaz porque deixava sempre os outros passarem primeiro nos cruzamentos. A estreia da semana, “Here After – Outra Vida”, é tão inútil e aleatório que faz a campanha do Cavaco Silva parecer matemática aplicada. Mas ao menos vale o esforço. Porque é que um velho decrépito como o Clint Eastwood resolveu falar de morte? Porque lhe tem uma dívida do tamanho da do Sporting ao fisco.
É oficial, Clint Eastwood está senil. O homem já fez filmes sobre amor – quando era jovem – depois fez acção – quando foi adulto – passou para histórias sobre a II Guerra Mundial – quando ficou velho – e agora fala da morte – porque lhe está a bater à porta. Um homem daquele idade não devia fazer cinema, devia estar a trocar fraldas e a jogar ao dominó. O Clint Eastwood é o Manoel de Oliveira sob o efeito de esteroides. E o filme em si não faz sentido. Três visões diferentes sobre a morte: um homem que fala com mortos, uma mulher que quase morreu e uma criança a quem morreu um irmão. Ou seja, um charlatão, uma mulher que morava na Damaia mas que entretanto se mudou e uma criança que devia estar drunfada em Valium. Ouçam, a única coisa que os mortos deixam para trás são heranças, cinzas e espaço para estacionar em centros comerciais. Ninguém quer saber de últimas palavras ou de últimas memórias. Eu dou um exemplo: as últimas palavras da minha avó? “Não carregues nesse botão!”. A última memória que tenho dela? Quando eu liguei o tractor em que mais tarde ela morreu. Querem ver o filme? Levem a urna das cinzas de um parente falecido. Assim pode passar as duas horas a desejar esse lugar na sala.

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Wednesday, January 19, 2011

Estudo revela que boa música tem o mesmo efeito da cocaína

ESTUDO RECENTE/GF – Segundo um estudo canadiano divulgado esta semana, a música de qualidade desperta no ser humano “euforia” e “adrenalina” em proporções equivalentes ao consumo de cocaína ou a um concorrente do “Preço Certo” que ganha a montra final.
A Universidade de Montreal, no Canadá, defende assim que ouvir “boa música” solta no cérebro uma substância chamada dopamina, que estimula o sistema nervoso, o bem-estar e a parvoeira em iguais medidas. A dopamina produz a mesma sensação de “prazer” associada ao consumo de droga, boa comida, dinheiro ou sexo – ou como o Berlusconi lhe chama “domingo”. “É engraçado ver esta dualidade. Enquanto que nas pessoas a música de qualidade provoca o mesmo efeito das drogas, em artistas musicais como a Amy Whinehouse ou os Xutos e Pontapés, a droga não parece provocar a boa música…” disse o coordenador do estudo, enquanto snifava uma linha de Beethoven. Conclui-se então que a única falha deste estudo parece estar na designação de “boa música” já que as tabelas de venda portuguesas estão repletas de equívocos tanto no que é “bom” como no que é sequer “música”.

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Monday, January 17, 2011

7 dias #8

Eu perdi a virgindade tarde.
Tinha 19 anos, acabadinhos de fazer.

Não a perdi tarde porque tivesse problemas de sociabilidade. Nunca tive. Mas todos os 3 anos do meu secundário foram passados fora de Lisboa, numa cidade pequena, mesquinha e irritante, que me afastou da rua, para o mundo do cinema, do basket e do humor. Basicamente, esse período da minha vida definiu aquilo que eu queria ser, era e iria ser. Mas não me pôs a foder.

No entanto, desde que voltei para Lisboa e perdi a virgindade, a quantidade de mulheres e de sexo na minha vida tem aumentado. Perdi-a tarde mas acho que, de forma saudável, tenho compensado os 3 anos de atraso – sim, em média perde-se a virgindade aos 15 anos em Portugal. Posso dizer que actualmente, e apesar de não ser um expert, tenho alguns conhecimentos da óptica do utilizador. Sou um aluno garrido que gosta de ter boas notas e que não se importa de partilhar apontamentos. Quero é ir às aulas.

Sim, adoro sexo. Vê-lo, fazê-lo, imaginá-lo. Todos adoramos. É por isso que a publicidade tem mamas, as revistas têm mamas, os filmes têm mamas, a internet tem mamas. Porque nós queremos mamas. Nós homens somos criaturas visuais, que reagem a estímulos visuais e que se excitam sexualmente mesmo que não exista emoção nenhuma por detrás. É por isso que nos conseguimos masturbar com videoclips ou catálogos de lingerie. Somos máquinas de procriação. E as mulheres sabem isso.

Actualmente estou numa relação. E o que sabe bem, é para se fazer. Caguei para aqueles senhores de branco do Vaticano. Não me vou casar para dar prazer e receber prazer de alguém. É mais do que natural eu querer enfiar a minha anatomia na das outras pessoas. É orgânico. É um sinal de que gosto da pessoa. E que lhe quero mostrar que gosto dela. Faço sexo 3 a 4 vezes por semana e é bom, sabe bem e eu quero que continue assim.

Ma também já estive em relações puramente sexuais. Tendeu a ter tanto de divertido como de pouco duradouro. Servia para aliviar a carga energética sexual e nada mais. Era como ir ao ginásio ou passear o cão. Era um exercício quase de necessidade e pragmatismo. Mas repito, era divertido. Numa relação saudável e duradoura - como a que estou actualmente - esse não é o caso. O sexo é querido e praticado mas existem várias camadas de carinho, afectividade e intimidade que vão para além do toque na pele.

E o que será que acontece quando se tira, totalmente, essa camada sexual?
O que se pode fazer com a energia sexual, que não é sexual?
O que acontece a um homem maduro e saudável, numa relação de elevada carga sexual, quando passa 7 dias sem ejacular?
E se nos próximos 7 dias eu não tiver relações sexuais?

Sim, é verdade. Já tive alturas da minha vida em que 7 dias sem fazer sexo não era nada de assinalável. Eram simples dias a acumular a uma maior contabilização. Mas a vontade sexual também funciona por expectativas. Queremos aquilo que não temos muito mais do que aproveitamos aquilo que recebemos. É assim que funcionamos. Um homem masturba-se muito mais quando está solteiro do que as vezes que tem relações sexuais quando está numa relação. Quando temos namorada não temos a ânsia de procurar sexo. Temos e fazemos quando queremos.

Vou descobrir.
Nos próximos 7 dias não toco, não sou tocado, nem me toco.
Serão 7 dias sem atingir qualquer orgasmo.
Terão as respostas no próximo domingo. Se eu não assassinar ninguém entretanto, claro.

"Isto É O Q?" #16

O "Isto é o Q?" está de volta.

E esta semana, os "patrões" querem rever a grelha do canal.
Rever a grelha do canal significa reavaliar e comentar todos os programas do canal.
Comentar e avaliar todos os programas do canal significa... porrada.

E neste programa há porrada a dar com pau. E sapatos.
Atentem bem, por exemplo, na minha épica cena de pancadaria com o Unas e o Luís Franco Bastos.
É bonita de se ver...

Sunday, January 16, 2011

7 dias #7: rescaldo

O prédio onde eu moro: 95 degraus.
O prédio onde eu trabalho: 170 degraus.
As pessoas que não usam elevadores: parvas.
Nos últimos 7 dias eu pisei mais de 2000 degraus. E estou só a falar em subir.

Doem as pernas. Os gémeos ficam doridos. A respiração acelera. E é como se todo o corpo ficasse 50 quilos mais pesado. Não é bem cansaço físico, é apenas o final do esforço de se subir 170 degraus. Todos os dias. Mas a verdade é que até sabe bem. E serve, na pior das hipóteses, como desculpa para evitar ir ao ginásio. Por isso, não percebo as pessoas que dizem não ter tempo para “fazer exercício”. Larguem os yogurtes magros, a coca-cola light e o tofu e comecem a evitar o elevador.

De manhã não custava tanto. Subia os 9 andares e punha-me a trabalhar sem pensar muito nisso. Era mais uma maneira de acordar depressa. À hora do almoço começava a ser pior. Exercício físico depois de comer só acentua a moleza. Era complicado recomeçar a segunda parte do dia de trabalho. Mas o pior eram as noites. Chegar a casa às oito da noite e ainda ter de subir 100 degraus é uma tortura. Sentia-me um concorrente do “Biggest Loser”. E eu peso 70 quilos. Não tenho a linha do equador como medida do meu raio.

Mas também houve maus momentos. Sabem quando estão a chegar a casa aflitos para ir a casa de banho e durante toda a viagem de elevador vão a fazer uma estranha dança com os joelhos só para aguentarem mais 30 segundos? Imaginem isso pelas escadas. Ou sabem quando chegam a casa bêbados – quem sabe drogados – às 4h da manhã, depois de uma noite inteira de pé ou de pé a dançar, e durante a viagem de elevador só pensam na cama? Imaginem isso pelas escadas. Eu gosto de elevadores. O elevador é aquele último amigo que nos leva a casa quando estamos mal.

E se a humanidade evoluiu o suficiente para nos pudermos deliciar com esta pequena ajuda vertical, eu acho que é de se aproveitar. Não é uma necessidade. É um mimo. E nós, como homens modernos, temos obrigação de honrar quem nos permite ser preguiçosos. A todos os homens que perderam a vida para que existissem comandos de televisão, carros, elevadores, micro-ondas, telemóveis e internet, eu fico quieto e parado em vossa honra. Obrigado.

Agora vou ali esparrar-me no sofá.
As minhas coxas, os meus pés e os nossos antepassados merecem.

PS - Esta semana descobri ainda que tenho poderes de clarividência. Na segunda-feira, primeiro dia em que tenho de usar as escadas, o elevador do sítio onde trabalho encrava. Podia ter sido eu lá dentro. Podia ter sido eu a carregar naquele botão de “alarme” 200 vezes chamando por ajuda. Aos que acham que estes pequenos desafios pessoais não servem para nada, eu digo “telefonem-me quando precisarem de assistência técnica.”

Friday, January 14, 2011

De Perto Ninguém É Normal #11

Esta semana estamos de volta ao cinema.

Discutimos a importância do lugar na sala, quem se senta onde e imitamos árbitros de ténis.
Tudo na canastrice do costume, é mais um De Perto Ninguém É Normal.

Não sei porque, mas gosto especialmente deste.
E aproveitem, que só há este e mais dois.

ÚLTIMA HORA: ONU declara o Saca-Rolhas uma arma de destruição maciça

SACA O SACA ROLHAS/GF – Os mais recentes pormenores do assassinato de Carlos Castro em Nova Iorque, não estão a deixar o mundo indiferente, e a suposta arma do crime – um saca-rolhas – foi hoje considerada uma arma de destruição maciça pela ONU. Assim sendo, depois da colher de pau, o saca-rolhas é o segundo utensílio de cozinha a ser considerado “um perigo para a sociedade”.
“Já não temos duvidas do potencial criminoso de um saca-rolhas. Aquilo pode mesmo matar, ou até quem sabe, vazar uma vista a alguém.” disse Ban Ki-moon, o actual porta-voz da ONU enquanto lia a “Nova Gente” desta semana. Segundo historiadores, já Einstein terá utilizado um saca-rolhas para finalizar a bomba atómica de Hiroshima, usando-o para apertar um parafuso. Com este novo desenvolvimento bélico, a tensão com países do médio oriente tem crescido, já que os EUA dizem ter encontrado via satélite, vestígios de rolhas de vinho tinto “Herdade do Esporão” em algumas cidades do Irão. No entanto, para obter uma “licença de porte de saca-rolhas”, só tem de provar que está numa relação amorosa em que a diferença de idades é menor do que 8 anos.



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Thursday, January 13, 2011

Picado vs "Tron"

“TRON: O Legado” – …a afastar pessoas de salões de jogos e de salas de cinema desde 1982

CONTRA PICADO/GF – Alguma vez jogaram Tron? É claro que já jogaram. Tron é um jogo simples em que dois veículos, um contra o outro num espaço fechado, deixam um feixe de luz por onde passam. O objectivo é tão simples como fazer com que o outro choque contra o nosso feixe de luz, fazendo-se uma razia pela frente do adversário. Quem, dos que estão a ler, nunca cortou uma cruva à última da hora? Ou quem, dos que estão a ler, nunca teve de se desviar de um taxista que se meteu à nossa frente? Pois. Porque carga de água vai Hollywood fazer um filme sobre maus condutores? Se era para isso iam ali a Arroios filmar cabo verdianas a terem aulas de condução. E se “Tron” foi um falhanço em 1982, porque é que esta gente acha que resultaria agora? Não vale a pena, senhores. Vão fazer mais blockbusters sobre referências dos anos 80, é? Uma comédia sobre um blusão ganga com gola de pêlo de carneiro? Um musical sobre as Doce? Um filme de terror em que o vilão é um par de meias brancas com raquete?
E o pior é que “Tron” tenta ser um filme sobre a dualidade “mundo real vs mundo virtual”, mas tal como a Cláudia Vieria quando tem de ler um teleponto, também o filme falha estupidamente. Se nós entrassemos dentro dos nossos computadores não viamos joguinhos de video e motas sofredoras de tunning. Viamos e-mails de trabalho, páginas de Facebook e pornografia escondida. Pobre Sam Flynn que tem de entrar num video jogo para reencontrar o pai que anda perdido. A mim nunca me aconteceu ter de jogar horas de Pac-Man ou Space Invaders para saber onde está o meu progenitor. Basta-me descobrir a tasca mais próxima com Sporttv. Fiquem sabendo que ver este filme é a mesma coisa que acompanhar um episódio da falecida série “Riscos” da RTP. Tudo é mau, falso, desactualizado e usam-se peanteados demasiado ridículos.
Como conselho da semana trago-vos “Sardinha”, um documentário eslavo de Popa Clavi, uma mulher de 78 anos que tem fobia a pessoas que limpam as fossas nasais em público. Aos 8 anos de idade Popa jogava à sardinha com o seu Pai no quintal quando este foi atingido numa têmpora por um Pombo desenfreado e kamikaze. Morreu no local. Desde esse dia, Popa tem-se filmado por diversos locais do mundo, jogando à sardinha com toda a gente com quem se cruza. Popa só pára para impedir idosos de alimentarem pombos com migalhas. Não percam este belo pedaço de saudade, amor, tristeza e ódio a pássaros urbanos."

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Wednesday, January 12, 2011

"Salvador Martinha está numa relação a solo"

Um conselho de amigo.
De amigo e para um amigo.
Vão ver isto, amigos.

As informações todas que importam estão no poster.
As piadas no espectáculo.

Cientistas descobriram que ver vídeos do Youtube aumenta a criatividade

ESTUDO RECENTE/GF – Cientistas da Universidade de Ontário, no Canadá, provaram esta semana que ver vídeos engraçados durante o horário laboral cria um ambiente positivo e aumenta a criatividade. Infelizmente, os mesmos cientistas não especificaram se na categoria de “vídeos engraçados” também entra a pornografia.
Esta descoberta pode revolucionar o mundo laboral já que muitos patrões não permitem aos seus empregados ver vídeos do youtube durante a hora de expediente. “Aqui não se podem ver vídeos nenhuns. Acredita que eu até há semana passada eu julgava que Youtube era o nome de um gel para o hemorroidal?” disse Paulo Afonso, trabalhador da funerária “Aqui Jaz Fest”. O estudo revelou que vídeos de cães fofinhos são óptimos para quem trabalha como entregador de pizza. Vídeos de pessoas a magoarem-se são bons para quem trabalha em centros de saúde. Videoclips do Quim Barreiros são bons para quem trabalha em lares de terceira idade. E vídeos de raparigas mamalhudas a fazerem ginástica são bons para quem está sozinho e com 10 minutos livres. Espera-se agora que nos próximos meses estes mesmos cientistas consigam provar que dormir a sesta, pausas para café e dias de folga também aumentam a produtividade. Para já não foi possível porque estão eles mesmos a ver vídeos no youtube.

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Monday, January 10, 2011

7 dias #7

Sabem quando foi inventado o primeiro elevador?

No Séc. I em Roma. Foi responsabilidade de um homem chamado Vitrúvio, senhor cujas palavras e teorias sobre arquitectura levaram Leonardo DaVinci a fazer o seu famoso desenho do "homenzinho de braços abertos dentro de uma roda de hamster" - eu chamo ao desenho assim.

Esse primeiro elevador era um aparelho de suporte de carga vertical, num sistema de roldana movidas a força humana. Sim. Ascensorista não era um emprego porreiro de se ter na altura. Nem mesmo a contrato. Só em 1853 é que Otis concebe o engenho eléctrico de segurança que torna os elevadores o que são hoje. Belas máquinas de instigar a preguiça humana.

E eu uso-os todos os dias.
Moro num 5º andar. Trabalho num 9º andar. Visito regularmente o meu Pai num 13º andar.
No entanto, os elevadores são locais mistos. Agri-doces. Nestas pequenas caixas fechadas do mundo podem acontecer coisas bonitas e íntimas ou momentos desconfortáveis e demorados. Dentro de elevadores tão depressa se aprende a bela arte da "conversa da chá cha"como se conseguem ter as relações sexuais mais rápidas da história. Até porque gosto de acreditar que os elevadores foram inventados para as rapidinhas, mais do que para se elevar carga pesada.

Ao crescer lembro-me de estranhar quem não usava elevadores. Eram sempre os que tinha medo deles ou os que tinham complexos demasiado grandes para caber neles. Toda a gente os adorava excepto esses seres estranhos. Conheci inclusivé alguns claustrofóbicos a quem a fobia dava um jeitinho, mas "só até ali ao 4º andar, vá". Sim, porque é preciso fazer-se parte destes dois grupos - traumáticos e dietéticos - para não se adorar aquela caixinha de metal.

Naqueles segundos, quase minutos, de viagem pode fazer-se de tudo. De higiene pessoal a caretas. De conhecer a mulher dos nossos sonhos a aproveitar para soltar uma flatulência - atenção: é importante que estes dois últimos nunca coincidam. O que acontece entre aquelas quatro paredes, fica entre aquelas quatro paredes. É como um retorno ao colo maternal. Um jeitinho amigo para quem quer subir na vida.

Mas e se eu, durante 7 dias, não os visitasse?
E se durante 7 dias eu me juntasse aos tarados que calcorreiam degraus?
Está lançado o desafio. Nos próximos 7 dias sou o João Garcia do bairro das Amoreiras.

"Isto É O Q?" #15 - Best Off

Porque nós também gostamos de férias;
E porque não fazer nada sabe bem;
...esta semana o "Isto É O Q?" é um episódio de Best Off.

É uma oportunidade de rever as cenas de pancada, sexo e drogas que fazem o dia a dia do canal Q.
Tudo, acompanhando um novo estagiário que chega para trabalhar.

Sunday, January 09, 2011

7 dias #6: rescaldo

Se esta semana foi alguma coisa, foi um falhanço.
Um incrível falhanço.

Eu não consigo deixar de dizer "obrigado". Posso tentar. E tentei.
Mas não consigo. Está emprenhado. Mecanizado. Não consigo.
Já me está no sangue. Como o instinto de sobrevivência ou os glóbulos vermelhos.

Foram mais 25 euros para o galheiro. Sim, penalizei-me novamente com um euro sempre que dizia "obrigado". E sim, foi mais ou menos o mesmo valor da semana dos "palavrões" mas se pensarem bem, palavrões há muitos, seus panascas. "Obrigado" há só um.

E eu disse-o. Repeti-o. Cheguei ao cúmulo de me forçar a ficar calado para que ele não saísse. Uma conversa era um campo minado. Um passo em falso e lá se me explodia a arrogância. Sabem quando estão a meio do acto sexual e percebem que têm uma flatulência irritante, aguda e urgente que vocês terão de aguentar até ao fim? O "obrigado" era esse peido. Sem eu o conseguir aguentar. Incrível como eu depois de me esforçar numa conversa corriqueira num restaurante, ficava orgulhoso de não soltar um "Obrigado" e, quando desviava a atenção, lá me saía um. "De nada" respondiam-me os sacanas.

E será que eu quero deixar de agradecer? É que pior do que os "obrigados" de circunstância em trocas comerciais, eram os honestos e sentidos. Esses dava para ficar calado e ignorar as regras de sociabilidade. Mas e quando tinha de agradecer um gesto, um empréstimo ou um conselho específico e pessoal? Tive de avisar que não podia agradecer a quem não conhecia e passar por arrogante aos que não conhecia. Não fez sentido. Eu quero ser o Mourinho das relações interpessoais? Quero ser o Boucherie da boa educação? Não.

Por isso falhei. Não encontrei nenhum substituto viável para a palavra "obrigado". Substituí-o por "boa tarde", "bom ano" ou "és o maior". Mas nenhum servia. Faziam-me passar por "velho", "velho" e "adolescente excitado", respectivamente. O "obrigado" estava sempre comigo. A palavra é pequena, simples e portátil. É como aqueles cães pequenos e irritantes das tias mas sem o barulho e as cagadelas - ou as porcarias que elas fazem com eles e geleia.

Acho que desde que não acabe a violá-la à bruta por excesso de uso, ela só me fica bem. Sim, porque há quem abuse das palavras. Há os gajos do "desculpa" no futebol, que a cada toque na bola, pedem logo desculpa. Há as pessoas do "com licença", que andam na rua como quem joga ao "Mamã, dá licença". Ou as pessoas do "bom dia", que cumprimentam cada ser vivo individualmente como se fossem um candidato à presidência a descer uma rua em campanha. Desde que eu não abuse do "obrigado", nunca acabarei como um vendedor da "Cais" a quem compraram uma revista.

Falhei. Mas não me importo.
A todos aqueles que durante esta semana evitei dizê-lo, desculpem.
A todos os que devia ter dito e passei por insolente, perdoem-me.
À minha mãezinha que me ensinou a palavra, obrigado.

Friday, January 07, 2011

Bandos de pássaros suicidam-se por todo o mundo para não terem de vir trabalhar para o Benfica

A PIQUE/GF – Desde o início do ano, e em locais tão remotos como os EUA, o Japão ou a churrasqueira “A Valenciana” em Campolide, bandos inteiros de pássaros estão a suicidar-se para não serem convidados pelo SLB a substituírem a águia Vitória.
Tudo começou no estado do Arkansas, nos EUA, quando na noite de passagem de ano 100 mil corvinas apareceram mortas, espalhadas pelo chão junto a um bilhete de suicídio. O mesmo dizia “Um primo nosso avistou um benfiquista para os lados de Washington. Se já há benfiquistas por aqui, já não há sítio para onde fugirmos. Adeus. PS – Só pedimos que ao menos nos comam com arroz”. Depois deste episódio, outras milhares de aves – como cisnes, morcegos e até mesmo um homem que estava vestido com um fato de galinha – tiraram a sua própria vida. As autoridades lamentam, mas parece que estas aves preferem morrer a vir trabalhar para Portugal, onde trabalhariam para o Benfica e a recibos verdes.



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Thursday, January 06, 2011

De Perto Ninguém É Normal #10

E no 10º episódio do De Perto Ninguém É Normal, voltámos ao Supermercado.

Agora, eu tinha uma série de coisas para vos dizer sobre o episódio mas não apontei.

Não me lembro.
Vejam, mas é.

Picado vs "O Turista"

“O Turista” – …é daqueles que levam as toalhas do Hotel

CONTRA PICADO/GF – Uma adivinha: quem é que usa meia branca com chinelos, anda sempre vestido ao contrario da estação em que estamos e não se percebe o que diz? Não, não é o Alberto João Jardim. É um turista. Então, porque raio quererá Hollywood fazer um filme sobre um? Turistas não são um bom tema para filmes. Há uma regra de ouro no cinema para coisas que não se devem filmar: crianças, bebés e turistas, porque no fundo, os turistas são bébés que se portam como animais. Ainda por cima, a personagem principal deste filme é um turista Americano. São os piores. Fazem barulho e nunca gostam da comida. Já que tinham de usar turistas, que fosse um chinês porque esses ao menos andam calados e gastam dinheiro. É chato é andarem sempre em grupos de 780. Para piorar a situação, o filme é passado em Itália, um sítio onde se deveria estar a comer massa, a beber vinho e a ver belas mulheres, não era aos tiros a portas de Hotel. É uma pouca vergonha. Ainda por cima porque uma porta de Hotel é quase tão inofensiva como um GNR.
Ao menos sigam a lógica da coisa. Se o herói é um turista, o vilão tem de, obrigatoriamente, ser um taxista. Já não há cuidado narrativo. Mas pronto, se querem ver o filme, fiquem sabendo que a história é sobre o engano de um homem que vai atrás dos belos olhos da Angelina na esperança de coisa boa, e afinal é um estratagema de espionagem. É basicamente uma metáfora para o que se passa com o espectador. Ao ver os belos olhos da Angelina julga que vai a alguma coisa boa e afinal não, é só este filme. Que é bem pior e mais perigoso que qualquer estratagema de espionagem.
Como conselho cinematográfico desta semana, e já que estamos na temática do turismo, aconselho-vos “Say Cheeeese”, um documentário em stop motion sobre a futilidade e ignorância da nossa juventude perante a cultura em geral e as estátuas com pilas à mostra em particular. Numa projecção de 23 horas seguidas, veja em sequência todos os 83 milhões de fotografias algumas vez tiradas ao lado da Torre de Pisa, com a mãozinha esticada a fingir que se está a segurar a torre.

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Wednesday, January 05, 2011

Utilizadores de Facebook fazem upload de 750 milhões de fotos apenas no fim-de-semana da passagem de ano

ESTUDO RECENTE/GF – Para alguns a passagem de ano é uma altura de reafirmação pessoal. Para outros é uma época de festividade e descontração. Para a maioria é apenas uma desculpa para se ficar bêbado. No entanto, e a julgar pelas 750 milhões de fotografias uploadadas no site Facebook apenas no fim-de-semana de dia 1 e 2, parece que para todo e qualquer ser humano, é altura de soltar o paparazzo que há dentro de si.
“Eu na noite de passagem de ano apanhei uma enorme bebedeira e não me lembrava de nada… Mas graças aos meus 84 amigos que levaram máquina fotográfica agora sei tudo o que fiz, ao segundo. São 108736 fotografias quase sequênciais, que vistas de seguida, são como um stopmotion da minha noite desde as 11h da noite até às 3h da manhã!” disse Osvaldo Tomaz, que conta ainda estar de ressaca até, pelo menos, 16 de Fevereiro. Sendo que já nesta semana ficou provado que o Facebook é o 3º site mais visitado do mundo e também tão viciante como o tabaco, esperam-se ainda este ano medidas preventivas contra este novo vício cibernético, com despistagens através de balão em operações STOP e a apreensão imediata de qualquer mural que tenha mais de 100 fotografias para consumo próprio.



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Monday, January 03, 2011

"Isto É O Q?" #13 e #14

Ano novo, e ainda sem sabermos o que isto é.

No entanto, e devido a festividades loucas e regadas com elevados graus de álcool no sangue, não postei aqui o episódio 13, nem 14.
Assim sendo, fiquem com o 13º: a segunda parte do especial de Natal, onde aviso já: há nudez. E não é da boa.
E com o episódio 14: o especial de fim-de-ano onde Rui Unas consegue fornicar as férias a um canal inteiro. E depois compensar a desfeita.

A mais um ano de boa escrita, muito trabalho e de coisas que não sabemos o que são.

Eps 13


Eps 14

7 dias #6

"Obrigado" em linguagem gestual
Há uns anos largos - diz que são por volta de 4 - eu trabalhei numa esplanada à beira mar.

Não foi nada de fantástico ou duradouro. Os pais de uma amiga, que tinham um café/restaurante numa praia em Mil Fontes, precisavam de uma mãozinha e eu levei duas. No total foram apenas 5 dias, 50 euros de recompensa, um bronze na cara e várias horas de pé numa esplanada, a atender clientes.

Mas posso-vos dizer que nunca, mas nunca, fui tão mal tratado na vida como nesses 3 dias. Não pelos meus "patrões" - que até eram um patronato bem porreiro - mas pelos clientes.

Fui insultado, mal tratado, enxovalhado e tudo... em apenas 3 dias. Desde me chamarem como a um cão, me falarem como se fosse um escravo até me insultarem por demorar a trazer os pedidos, tive de tudo. Posso dizer que a partir desse dia, nunca mais tratei mal um empregado de um restaurante, ou deixei que o fizessem comigo presente. É verdade que aquela gente cospe na nossa sopa. Mas é porque nós merecemos.

Durante esses 3 dias ouvi diversas coisas - como "despache-se", "então, demora muito?" ou "eu não tenho o dia todo". E eu juro que não era incompetente. É verdade que não sabia tirar imperiais mas uma porra de uma tosta fazia-a com amor, carinho e manteiga. Mas na verdade, o que me fazia mais confusão era o que eu não ouvia. Especificamente a palavra "obrigado".

É uma palavra tão simples, que muda tanto um cenário. E que curiosamente, na sua génese, está totalmente errada. Dizer-se um simples "obrigado" é reconhecer um gesto que alguém fez, meramente por gentileza. Não porque foi "obrigado". No entanto, ouvir-se um "obrigado" sabe bem. E o problema é que não é dito na quantidade que se devia. Alguns dos meus clientes diziam mas a maioria estava a dar tanto uso à palavra como à inscrição no ginásio. Nenhuma.

Por isso esta semana resolvi dar uma volta de 180º à falta de educação.
Durante 7 dias não vou dizer "Obrigado" uma única vez.
Quero ver se as pessoas ainda sentem falta da palavra. Quero ver se as pessoas sequer se lembram dela.

PS - Eu até agradecia ao Francisco Baptista, amigo que me sugeriu o desafio...
... mas não me apetece.

Sunday, January 02, 2011

7 dias #5: rescaldo

F*da-se.
Está dito. E saboreado.
Quer queiramos, quer não, nós precisamos de palavrões.

É uma válvula de escape. Um ponto de ebulição. Um ponto final.
O prazer imediato que temos quando os dizemos, é algo que não conseguimos ir buscar a lado nenhum. Nem mesmo as variantes socialmente aceites - como "fónix's", os "caraças" ou os "porra's". Nada se compara a uma bela m*rda.

O palavrão, em termos etimológicos, não é mais que uma palavra normal. Uma palavra normal usada pelo povão e que a classe mais alta começou a evitar usar para não se misturar. Para não ser confundido. Séculos depois, o palavrão já não é uma palavra com um sentido normal e corriqueiro. Está sempre relacionado com escatologia ou pornografia e tem de andar escondido. Injustiçado. Escorraçado da praça pública. E porquê? Fazem parte do léxico! "Caralh*" é tão palavra como camisa ou economia. Porquê a xenofobia linguística?

Para vos dizer a verdade eu disse palavrões esta semana. O desafio era passar 7 dias sem os dizer, mas disse-os. 22 vezes. E porque sei? Porque resolvi penalizar-me sempre que os dizia. 1 euro à pessoa que estivesse mais perto de mim, geograficamente falando. Portanto, em 7 dias o meu léxico rendeu 22 euros. O preço da edição de coleccionador do Inception. Que eu não vou gastar. E acreditem que os 22 saíram de forma inconsciente. O Natal já tinha passado e eu tenho muito pouco o hábito de me armar em Oprah e oferecer dinheiro a quem não fez nada por isso.

Mas o engraçado foi ver-me a desacelerar a velocidade a que falava para calcorrear as frases antes de pisar um palavrão. Ia falando cada vez mais devagar para não me fugir nada que rendesse um euro a um feliz contemplado. Ao contrário de um concorrente de um reality show, eu comecei a ter de pensar no que ia dizer. Falar, algo que me era mecânico, tornou-se lento e analítico. O que só quer dizer que o palavrão me sai com naturalidade. Com gosto. Disse-os bêbado, irritado e stressado. Mas em todas as 22 vezes os disse de "boca cheia". Podia andar a evitá-los mas nada me fazia desrespeitá-los.

Deixei de acreditar nas pessoas que dizem que não os dizem porque não precisam de os dizer. Uma bela m*rda, é o que é. O palavrão é o genérico do Vallium. É natural e faz bem ao sangue. Sabem que mais? O palavrão é a punheta lexical. É uma escolha pessoal, alivia a pressão e sabe bem. E não crianças, não causa cegueira.

A verdade é que senti falta deles. Eu gosto deles. Como disse Miguel Esteves Cardoso:
"Os palavrões são palavras multifacetadas, muito mais prestáveis e jeitosas do que parecem. É preciso é imaginação na entoação que se lhes dá. Eu faço o que posso."

Eu apenas acrescentaria uma pequena palavra.
"Eu faço o que posso, c*ralho."

Bom ano! (e De Perto Ninguém É Normal #9)

Primeiro que tudo e sem mais atrasos...

... Bom Ano.

Que, na pior das hipóteses, 2011 seja exactamente igual a 2010 mas sem a visita do Papa, que cortou a porcaria do trânsito todo. E sabem que mais? Espero sinceramente que neste novo ano, não tenham tudo aquilo que desejam, porque se tiverem, ficam mimados e ninguém vos vai conseguir aturar assim.

Para entrar no ano em beleza, deixo aqui uma lista de coisas que quero fazer até dia 31 de Dezembro de 2011:

- skydiving
- bunjee jumping
- aprender (e saber fazer como deve de ser) truques de magia
- acabar o meu livro (vai com 65 páginas)
- e ajudar uma velhota a atravessar a estrada, pronto...

Para entrar no ano em beleza, aqui têm a edição de passagem de ano do "De Perto Ninguém É Normal".
Se a Madeira tem fogo de artifício;
E Times Square tem a Snooki dentro de uma bola gigante;
Eu e o Pedro Silva temos... um elevador.