Rafael Contra vs "O Lobisomem"

“O Lobisomem” – …depilação precisa-se!

CONTRA PICADO/GF – A sensação que eu tive ao ver este filme foi a mesma de estar a ser afogado em compota de morango, numa banheira ferrugenta que me infecta com tétano, pelas mãos de Pinto da Costa enquanto numa televisão Filipe Pinto fica com a vitória do programa Ídolos e o QI de milhões de portugueses. Só há uma história mais batida que a do “Lobisomem” em Hollywood. A de todos os filmes de Steven Segal. E em ambos os casos a narrativa é sempre a mesma. No entanto Steven-eu-juro-que-tenho-mais-expressões-faciais-Segal tem desculpa, porque descura no argumento para gastar mais tempo a pentear o seu rabo-de-cavalo seboso. Nós todos já sabemos de cor a história de “Lobisomem”. Até já a vimos ser transformada em filme de adolescentes com Michael-isto-é-um-terramoto-?-J-Fox a jogar basketball transformado em bola de pêlo. Amigos produtores de Hollywood, além do José Carlos Malato, ninguém quer sair de casa para ver homens peludos.
E Portugal está farto de assistir a transformações, já não as quer ver no cinema. Já nos chegou vermos Cavaco Silva ter-se transformado de “Presidente da República” em “paranóico” ou José Sócrates transformar-se de “Primeiro-Ministro” em “director de informação da TVI”. E tudo isto não à luz da lua mas do “sol”. Mas o que mais me entristece no meio desta salganhada toda é a descida a pique, a fazer lembrar a da imagem política de Sócrates depois do Sol de sexta-feira, de Benicio-a-barba-não-é-sem-querer-del-toro. Como é que um actor faz do maior ser humano de todos os tempos que foi Che Guevara e passa para um lobisomem feito a pixéis? É como comer salmão e passar para um Big Mac. É como ouvir Ornatos Violeta e passar para Xutos e Pontapés. É como fantasiar com a Monica Vitti e passar para a Manuela Ferreira Leite. É errado, doentio e tão revoltante que aposto que o próprio actor ainda deve estar enjoado e com tonturas. O meu conselho? Fujam deste filme como as personagens fogem da lua cheia. Se o objectivo é verem homens peludos a correrem atrás de raparigas parvas, esperem pelo verão e vão até às praias da Costa da Caparica. As discussões familiares que por lá se bronzeiam têm mais originalidade narrativa que isto. E a mesma quantidade de pêlo nas costas.

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