Friday, October 29, 2010

Picado vs "É A Vida!"

“É A Vida!” – …a pior das creches

CONTRA PICADO/GF – Vou começar com uma anedota: quantos argumentistas americanos são precisos para mudar a fralda a um bebé? Nenhum. Não decidiram que piada escatológica plagiar e entretanto o bebé a quem eles iam mudar a fralda tem 41 anos, é viciado em comprimidos e está numa clínica de reabilitação. Só há três coisas que eu não gosto que me forcem: crianças, doenças venéreas e sexo anal. Não necessariamente nesta ordem. E muito menos se destas se agruparem em pares. “É A Vida!” é mais uma comédia romântica sobre duas pessoas que não gostam uma da outra e se vêm obrigadas a cuidar de uma criança. Além de inverosímil – pessoas que não gostam uma da outra e que têm de ficar juntas, fazem-no não por causa de crianças mas porque estão casadas – é também um enorme cliché cinematográfico. Já vimos três homens com um bebé, um homem e uma mulher com um bebé, um homem a dar à luz um bebé e um homem que se transforma em bebé.
Os bebés são coisas chatas, barulhentas e sujas que só ficam bem em postais de natal, vídeos de youtube e wallpapers de telemóveis de velhas decadentes. Não ficam bem como motores narrativos. Sabem a vontade que vocês têm de assassinar um bebé quando ele chora durante uma viagem de avião? Eu sinto isso na sala de cinema, durante o filme. Todo. “É a vida!” é uma tristeza de uma desculpa para se poupar dinheiro numa creche. Além de ser das piores escolhas de título de sempre. “É A Vida!”, “Vidas!”, “Isto já não é o que era!”, “São uma cambada de ladrões!” não são bons títulos de filmes, são maneiras de acabar e despachar com pessoas que não gostamos de ouvir. Como os pais de uma criança acabada de nascer, por exemplo.
O meu conselho desta semana chama-se “NOME A ANUNCIAR“ e é de um autor do qual não me lembro do nome. O documentário tem 2 horas e segue um doente com Alzheimer enquanto este pratica algumas actividades simples como fazer um sudoku; escolher um prato num restaurante e a refilar depois com os empregados; jogar ao “quem é quem?”; pagar a conta da luz e da água no Multibanco; e por fim, perceber se ganhou ou não o Euro Milhões, ao ouvir os números vencedores sem saber onde está o talão.

As seen on O Indesmentível.

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