Deixem-me primeiro definir “inimigo” neste texto.
É, de uma forma simples, alguém que não gosta de nós.
Alguém que mostra animosidade.
Alguém que não nos sorri e muito menos nos faz sorrir.
Alguém a quem despertamos raiva, rancor, irritação e frustração.
Para mim, existem três tipos de inimigo.
Os de espontaneidade.
Os de objectivo.
E os de reacção.
Os espontâneos são aqueles que não gostam de nós porque não vão com a nossa cara. Normalmente têm muito pouca razão para os irritarmos, além de obra e graça divina de uma qualquer intuição. São os chamados ódios de estimação. Podem ser platónicos ou reais. Imaginários ou da nossa vida. Do cinema ou do nosso andar de cima.
Os inimigos por objectivo são aqueles que nos odeiam porque, ao termos um objectivo comum, nós levámos a melhor. São os perdedores. São os que não ficam com a rapariga. Com o emprego. Com o lugar de estacionamento. Com a bola. Com o último folhado. Com o braço da cadeira no cinema. São os rancorosos.
E há depois os inimigos por reacção. São os que nascem da premissa de Newton em que toda a acção, provoca uma reacção. São semelhantes aos “inimigos por objectivo” mas para estes está implícito que a “acção provocatória” é directa, e não indirecta. São aqueles a quem batemos. A quem insultamos. A quem riscamos o carro ou furamos o pneu. Ter inimigos deste último grupo é já apenas uma questão de atitude.
Todos temos inimigos. Pessoas que não gostam de nós. Eu estou a aprender a ter e a lidar com os meus. Tem de ser. Fomos feitos mais depressa para "não gostar" do que para "não ser gostados" e isso custa, mas tem de ser. No fim, o que interessa não é se os temos, é apenas como os arranjámos.
Tenho de aprender a lidar com os meus porque aparentemente quanto mais feliz sou, mais concretizado sou e mais longe vou… mais os tenho.
Posso dizer que estou tranquilo com aqueles que não gostam de mim.
Porque sei que não fiz nada propositado para que não gostassem. Nunca fui intencionalmente sacana porque tenho um pai que me disse em pequeno para “nunca fazer aos outros o que não gosto que me façam a mim”. Se tenho os inimigos que tenho é porque consegui chegar a algum lado. Porque cortei a bola. Porque consegui o lugar. Porque fiz rir. Porque cheguei primeiro. Porque sou melhor.
Posso dizer que estou tranquilo com os meus inimigos.
Tenho pena de os ter mas é bom sinal se os tenho.
"You have enemies? Good. That means you’ve stood up for something, sometime in your life." - Winston Churchill
Tuesday, June 29, 2010
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1 comment:
Guiiii!! Como tua editora.. nunca corrijo o que vai para os livros mas.. é "Deixem-me primeiro..." e não "Deixei-me" lol xD
Anyway..
Ter inimigos, a meu ver, por norma, é algo realmente bom. Lá está, significa que atingiste alguma coisa na vida.
Mas, por outro lado, talvez pela frustação que já demonstrei e que ainda hoje se mantém.. Ahmm..Dizes, "inimigo é, de um forma simples, alguém que não gosta de nós" isso dá lugar a algum debate. Como? Simples. Eu neste momento não gosto de uma pessoa. É verdade. Talvez contribua para a frustação que aqui anda. Mas não digo que seja por inveja por essa pessoa ter chegado a algum lado. Sim, é facto que obteve melhores resultados mas não é por aí. A questão muitas vezes é o que levou a tal. Porque o eu não gostar da pessoa em questão não tem a ver com o que ela atinge mas o modo como atinge. Acho que há modos de atingir os objectivos. Há maneiras de conseguir o lugar, de conseguir fazer rir, de conseguir alcançar o último folhado, maneiras de conseguir ficar com o braço da cadeira no cinema. Porque garanto, há sempre ódios de estimação, desencadeados por zangas ao longo da relação, mas se resultados melhores são obtidos não há frustação por mim se as pessoas por quem tenho esse "ódio" alcançaram esse resultado de uma forma justa, esperta, inteligente.
Ahhh.. espera.. será que assim colocamos essa pessoa na tua categoria de inimigo por reacção? Ohh well..
Eu também sei que tenho a minha quota de inimigos e alguns já fizeram soar alto para alguns ouvirem.
Se tenho pesos na consciência? Também não. Estou tranquila.
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