Thursday, June 24, 2010
Picado vs "Em Roma"
Acho que o Rafael começa a precisar de férias.
Mais do que durante o resto do ano...
“Em Roma” – …é melhor sítio para se estar que na sala de cinema
CONTRA PICADO/GF – Andam as mulheres a gastar dinheiro em depilações, cabeleireiros, dietas, lipoaspirações e implantes de silicone para arranjarem namorados quando bastava roubarem moedas de uma fonte em Roma. Pelo menos, é isso que esta hora e meia de desespero feminino nos quer fazer acreditar. A história é sobre Beth, uma rapariga solitária que como quer substituir os dvd’s da série “Sexo E A Cidade” por um pénis, rouba algumas moedas de uma fonte de desejos em Roma e que, por magia, maldição e fantasia sexual, fica com os respectivos atiradores das moedas apaixonados por si. Ou seja, o filme tem tudo o que uma comédia romântica americana deve ter: uma actriz loira, um actor com dentição perfeita, um cenário europeu para piadas xenófobas, uma narrativa infantil que poderia muito bem ter sido desenvolvida por crianças de meses drogadas com ácido e uma lição moral digna de estar escrita na parede de uma casa de banho de uma área de serviço na A1.
O que se pode esperar deste filme? Humor físico ao nível do melhor bêbado da noite dos Santos Populares, piadas sexuais ao nível do melhor taxista lisboeta e uma lavagem cerebral à cabeça das espectadoras solitárias ao nível do melhor consultório sentimental de revista de cabeleireiro. “Em Roma” contém tantas soluções para os seus problemas sentimentais como um revolver apontada à sua têmpora por um monge tibetano. Se quer arranjar namorado, veja o filme – aconselho a droga space cake duas horas antes – e faça tudo exactamente ao contrário do que vê na imagem.
Esta semana podia aconselhar o filme “Shirin” de Abbas Kiarostami mas este meu realizador querido já não é o que era. A ideia do filme ser todo constituído apenas por reacções de mulheres vestidas de iranianas a um poema é absolutamente divinal, mas o filme estrear em sala é sucumbir aos prazeres carnais do capitalismo. Recuso-me a ver o filme em sala e a descobrir uma lata de coca-cola algures, ou ouvir o poema e serem as contra indicações de uma lata de RedBull. O filme de que vos aconselhar esta semana é de autor anónimo, país indefinido e existem apenas 17 cópias em todo o mundo. Chama-se “A Marcha Lenta do Comboio Nigeriano” e é uma peça em 8mm de um comboio em slow-motion com uma narração em inglês com sotaque mirandês sobre o acasalamento da lesma. Brilhante, em todos os seus 25 segundos de duração.
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