Se são fãs de Martin Scorcese, evitem ler esta crónica do Rafael.
E talvez seria de evitar cruzarem-se com o Rafael na rua, também.
“Shutter Island” – …nunca filmar num manicómio fez tanto sentido
CONTRA PICADO/GF – A sensação que eu tive a ver este filme foi a mesma de estar sentado numa auto-estrada, durante um dilúvio de terras, com os meus testículos amarrados ao carro oficial do primeiro-ministro, que está prestes a ser abalroado por um camião TIR, mas sem o primeiro-ministro lá dentro, tudo isto enquanto o Mário Crespo me descreve a roupa com que dorme e os ex-concorrentes do ídolos ensaiam as músicas que vão cantar na tournée aos meus ouvidos. Há casais inseparáveis em Hollywood. Tim-eu-não-sou-emo-Burton e Johnny-eu-não-sou-freak-Deep. Jerry-o-que-é-uma-alma-Bruckheimer e uma nota de dólar. E finalmente, Martin-eu-adoro-gajos-italianos-com-armas-na-meia-Scorcese e Leo-eu-juro-que-sou-um-actor-a-sério-Di Caprio. Relações estas que devem ser mais sólidas que as dos intervenientes com as próprias mulheres e filhos. Relações estas que podiam acabar em divórcios litigiosos mas que insistem em produzir filhos, que insistem em estrear e que as pessoas insistem em ir ver.
Podia estar aqui linhas e linhas a falar de Scorcese como realizador mas acho que o facto de ter ganho um Óscar para melhor realizador com um plágio falar por si. A própria indústria que lhe paga milhões mas que não lhe arranja uns óculos fundo de garrafa novos, o premiou com um remake feito às três pancadas, chamado “The Departed”. É como se Hollywood estivesse a dizer “Aleluia que aprendes como funcionamos. Nós aqui não criamos, Scorcese, vamos buscar lá fora e damos um nome novo. Agora leva lá esta estátua que isto pesa”. O único filme que se aproveita de Scorcese chama-se “After Hours” e foi realizado no início da sua… à falta de melhor termo… carreira. É capaz de ter saído tão bom porque o pequeno Martin o fez depois de sair exactamente de uma after hours propriamente dita, nunca saberemos. E não me tentem enganar. Ele não chama Leonardo DiCaprio para os seus filmes todos por gostar do rapaz como actor. Fá-lo para ver se lhe calha alguma coisa do caixote do lixo de ex-namoradas do rapaz. Se também vai comer os restos do cinema coreano, qual é a diferença? É que só a Gisele Bundchen já prova que o Leo tem mais talento a mentir para mulheres que para câmaras de filmar. Ao menos, com este filme, Scorcese finalmente admite que faz filmes de terror. É que para mim, ver filmes produzidos por ele é sempre uma experiência assustadora. No cinema americano há sempre loiras de glândulas mamárias protuberantes a morrerem. No cinema de Scorcese é o bom gosto e o cinema puro que levam facadas nas costelas. Por isso se forem ver o filme, estejam preparados para desviarem os olhos do ecrã umas quantas vezes. Mas só naquelas partes em que o plano é original e não copiado de um pobre coreano qualquer.
As seen on O Indesmentível.
Thursday, February 25, 2010
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