Tuesday, March 24, 2009

É para...

É para deixar de ser parvo que coisas destas acontecem.
É para abrir os olhos. Sentir as coisas onde elas batem. Perceber como as roldanas, do que quer que seja que move isto onde estamos, rodam. É para deixar de ser parvo que coisas destas acontecem. Para saber aproveitar aquilo que tenho. Para saber saborear aquilo que posso. É para deixar de me sentir dentro de uma batalha de emoção e racionalidade que coisas destas acontecem. É para deixar de pensar que coisas destas acontecem. É para deixar de só sentir, que coisas destas acontecem...

É para me saber desviar que coisas destas acontecem.
Se um comboio de pesados vem contra ti a alta velocidade, desvia-te. Não penses que te consegues esquivar no último segundo. A vida não é um filme. Não há discursos profundos e poéticos com música por trás. Não há heróis nem vilões. Não há saltos no último segundo em câmara lenta para um final feliz. Há comboios pesados que vem contra a tua cara. E o pior, é que o estavas a ver. E doí. Não evites o inevitável. Olha o comboio nos olhos e reconhece a sua existência. É para me saber desviar que coisas destas acontecem.

É para saber que estou vivo que estas coisas acontecem.
Cada pontapé em cada móvel te mostra que tens pés. E é para saber que estou vivo que coisas destas acontecem. É para saber que ainda sinto que coisas destas acontecem. É para aprender a suportá-las que coisas destas nos chocam contra a cara. É para aprender a dosear o que dou de mim e é para aprender a aproveitar os momentos e não as ideias ou conceitos que estas coisas acontecem. É aprender a saber estar vivo.

É para aprender a saber estar vivo que coisas boas destas acontecem...

gui

2 comments:

Maria Ana said...

Acho que só posso dizer que gostei muito. Li-o de várias maneiras e prismas e, é por isso, que é bom. E que coisas destas acontecem.

Gui said...

Obrigado... :)

Soube-me igualmente bem escrevê-lo... :P

bjinh,
gui