Como os atentos sabem, estou a tirar um curso de escrita de humor nas Produções Fictícias e até agora tive duas sessões de trabalho.
O primeiro impacto ao termos caras conhecidas e grandes nomes do humor à nossa frente é querer saber tudo. E este "Tudo" é mesmo num sentido de sugar toda informação possível no menor tempo possível. Quando me inscrevi fi-lo com o objectivo de me "profissionalizar" e de ser criticado, para depois me conseguir "auto-criticar" com melhor bom senso e razão. Para mim, escrever humor é como saltar de para-quedas de olhos fechados, pairando apenas por instinto. O que quero aprender é a saltar de olhos abertos.
Tudo o que fiz em termos de escrita de humor até hoje foi sempre baseado em mim, ou em algumas pessoas amigas que tiveram paciência de se sentar ao meu lado e de me criticar, apontar melhores caminhos. (Desde o Jorge Crespo, passando pelo Pedro Ribeiro e o António Raminhos, acabando no Carlos Moura, entre vários outros membros do extinto "Sindicato". Admiro-lhes a paciência e a amizade.)
Assim sendo parti para esta aventura no "Olímpo" não querendo de maneira nenhuma regressar o mesmo, mas quando lá estamos, vemos verdadeiramente como as coisas são feitas. E ficamos assustados como é estupidamente mais difícil e esgotante do que parece. O que mais me "acagaça" neste momento é exactamente esse "profissionalizar do humor". Ler uma notícia e postá-la aqui como piada é um processo que acontece espontaneamente. Ter um contracto com um patrão e ter de apresentar X páginas de humor num determinado prazo, é que é verdadeiramente assustador. Sou muito sincero e assustadiço quando digo que o meu maior medo nas sessões é que me digam: "Boa noite, têm a partir de agora 15 minutos para escrever 7 piadas sobre esta sala. Comecem!".
É esse salto entre o "que giro, lembrei-me de uma piada tão engraçada" para o "das 9 às 5 vou escrever humor para o meu patrão" que me levanta os pêlos dos braços e me dá pontapés na segurança. A própria crónica que mantenho semanalmente é um pequeno treino que impus a mim próprio em Dezembro passado, exactamente nesse sentido. "Guilherme, agora tens de escrever um texto de página e meia todas as semanas, com piada, com estrutura, com coerência, que te orgulhes de mostrar a qualquer pessoa no Universo". Até agora cumpri as minhas próprias metas, mesmo tendo noção de que erro a dar com pau. Mas um pau assim grande e com picos, talvez, estilo medieval.
Quando um colega de curso perguntou à formadora de ontem, Maria João Cruz, como era ter de criar humor profissionalmente, com prazos, ela respondeu "É um músculo. Trabalha-se como qualquer outro."
Como argumentista, aspirante a escritor de humor, este curso era exactamente o que estava a precisar. Ter as orelhas puxadas com força, os olhos abertos para o mundo como deve de ser, e ter perfeita consciência de que tenho milhões de passos para dar, até chegar a algum lado. Trabalha, Guilherme!
Já só faltam 18 sessões...
gui