O Zombie estava cada vez mais perto, e Patrícia sabia que não ia poder fugir. Nisto, como resultado da sua adrenalina e do facto de estar com o período, ou seja, sem paciência para cenas daquelas, resolveu tentar comunicar: Psstt... Ouuu.... Ó aborto! Tás a ouvir? Tou a falar contigo!! -O zombie reagiu arregalando o olho ainda intacto- Sim, é contigo! Vês mais alguém aqui que pareça um naco de vitela na pedra? Ouve, não tens mesmo mais nada que fazer? Acordas-te hoje com fomeca, não tinhas nada no frigorífico e resolveste atacar universitárias... Ouve, faz um favor à Humanidade e a mim e espeta qualquer coisa num olho... Vá lá. A sério... Pensa lá bem, achas mesmo que a expressão “comer uma gaja boa” era dita com o intuito de comer mesmo? Obviamente se fosse no sentido real da frase ias ter dificuldade... Já reparei que aos Zombies podem faltar bocados importantes! E isso de te babares é o quê? Pareces puto de um ano com uma bolacha... O resultado é o mesmo! – O zombie solta um grunhido!- Pois... Desculpa... Tens razão! Calculo que seja dificil para um gajo em carne viva e com falta de membros “importantes” para certas funções arranjar companhia... Mas deixa estar, se até o autor deste Blog vai escapando... Não penses nisso. O mundo está mudado. Há muita gente maluca por aí... Como as coisas andam hoje em dia aposto que há raparigas “mortinhas” por estar com alguém como tu! Haaa! Viste? “Mortinhas”! Fiz um pouco de humor... Ok...Esquece... –Nesse instante um braço range e caí ao Zombie- Vês? É melhor despachares-te, o tempo urge! Quanto mais demorares pior é! Já outro Zombie ficou com o teu lugar como actor principal em filmes pornográficos de segunda qualidade! –O Zombie começa lentamente a virar costas e Patrícia sente um grande desconforto. Patrícia percebeu que tinha pena do Zombie, que este ser não tinha um futuro risonho. Respirou fundo e pensando em coisas cor-de-rosa virou-se e disse: Ouve, desculpa! Não te devia ter tratado assim! Imagino que alguém como tu já sofre o suficiente no dia-a-dia, sem amigos e abordando as pessoas para as comer. Ouve, e se fossemos os dois tomar um café qualquer dia? Hein? Que me dizes? –O zombie na impossibilidade óbvia de sorrir, visto não possuir lábios, grunhiu esperando que Patrícia percebe-se que aquele era um grunhido de felicidade.
O que se seguiu é uma bonita história de amor. Patrícia chegou à conclusão que tinham mais em comum do que ela tinha pensado. Costumava dizer que ele era o único homem que percebia o que era o período dela, pois sangrava como ela mas mais dias por mês. Riam os dois a bandeiras despregadas do quão ridicula era a expressão “rir a bandeiras despregadas”. As pequenas coisas da vida eram agora gigantescas... Foram comer aos melhores restaurantes, iam aos melhores cinemas, adoravam roubar Caldos Knorr no Mini-Preço e o sexo era selvagem e louco, mesmo tendo ambos a consciência que ele não possuia o membro fálico. Foi a melhor época da vida de ambos. Mas como a felicidade não dura para sempre, uma simples conversa destruiu aquele passagem pelo céu. Filhos! Patrícia queria filhos e ele, por motivos já mencionados, mesmo que indirectamente, variadas vezes, não os podia ter. Foi o caos! Patrícia passou subitamente a ter dores de cabeça durante a hora que meses antes era de puro prazer e chantilli esvoaçante! Inevitavelmente o relacionamento acabou por ficar em coma e a eutanásia foi necessária. Patrícia seguiu a sua vida sendo hoje casada e com 17 filhos, estando todos proibidos de alugar “O Renascer dos Mortos” no Blockbuster. O zombie? Desse pouco se sabe... Diz-se que vive num apartamento alugado na baixa de Viseu onde escreve a sua história numa pequena máquina de escrever, lutando contra a fome de sangue...
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