Wednesday, February 09, 2005

Um caso de maiúsculas

Desculpem mas há algo que me atormenta e eu já fui à casa de banho portanto isso não é! Porque é que Deus tem direito a mais maiúsculas que nós, comuns mortais? Sim, maiúsculas! Eu só tenho direito ao nº de maiúsculas correspondente ao nº de nomes que tenho, e nem sempre sou tratado por todos! Ele não... Sempre que é mencionado é com maiúsculas! (Experimentem dizer 20 vezes seguidas maiúsculas, até é engraçado...) É sempre: "Lá está Ele outravez a fazer milagres...", " Esse jardim foi obra Dele!", "Olha, não foi o Coiso que transformou água em vinho?", "Olha-O acolá" etc... A mim não me escrevem isso! O que é que ele fez de tão especial que seja merecedor de invocação de miúscula? Inventou o mundo? Olha, eu sempre que vou ao MacDonalds como dois hamburguers dos grandes e mais o que a minha irmã deixa... E agora? Já tenho direito a maiúsculas? Nem sabem se ele existe! A mim podem-me beliscar (apesar de eu pedir para não o fazerem que até aleija...), eu sou real! Como se ele tivesse falta de protagonismo... Não tarda nada quer lugar de estacionamento privado à porta dos centros comerciais... Malditas celebridades...
(P.S.- Desculpem se fui demasiado herege, não queria ofender...)

1 comment:

Figueiras said...

Acho que o facto de esse «alguém» a que vulgarmente chamamos deus é só mais uma razão para acreditar em algo... acho que há pessoas que precisam de acreditar em algo e precisam de um braço onde se apoiar, pedir algo, etc... repara na frase do «livrai-nos do mal...». o que eu não entendo é: perguntas a alguém: «acreditas no destino?» e esse alguém responde: «sim». e depois perguntas: «e em deus?» a pessoa também responde «sim». quase sem se aperceber, ela está a contradizer-se. Se as coisas estão pré-destinadas a acontecer, não se pode pedir a deus que as mude... é o destino, não é? mas resta-nos a frase: «livrai-nos do malamen...»

Carolina Figueiras*