1 ano

Holla fiéis leitores,

Apetece escrever um bocadinho mais sério, mas só um bocadinho, sobre um assunto que no fundo não é nada sério e me faz muito feliz.

Fiz no passado dia 7 de setembro um ano de actuações de Stand Up Comedy. Um aninho! Vocês perguntam: "Então, e... e... novidades da Madeleine?" Eu respondo liguem a televisão, mas parece que o Scolari foi constituido arguido. Vocês voltam á carga e dizem: "ok... e então porque não escreves-te este texto no dia 7, na data certa?" Eu respondo porque ontem tinha uma actuação e queria escrever isto depois de pisar o palco.

Deixem-me dizer-vos que não há absolutamente nada no mundo como Stand Up Comedy. Absolutamente nada que vos mexa, que vos transforme, que vos toque, sejam vocês as agradáveis pessoas a olhar para o palco, ou o coitado que roí as unhas minutos antes de subir para lá. Mas é isso mesmo que trata esta arte, essa mesma empatia e capacidade de vos mexer através das palavras e de um sorriso. Eu comecei a escrever comédia numa das piores alturas da minha vida, talvez como contra balanço, mas foi aí que aconteceu a faísca inicial. Agora estou numa excelente e muito feliz altura da minha vida e escrevo cada vez mais e com mais prazer.

Quando comecei fazia apenas alguns minutos em palco para ganhar coragem, porque como devem imaginar, o primeiro grande passo e conseguir subir para palco e exporem-se de uma maneira tão intima. Vocês estão a falar de coisas que vos sairam da cabeça, em cima de um palco com um microfone, com pessoas que nunca viram na vossa vida numa mesa com os amigos ou familia. Quebrar essa barreira e aprender a lidar com a exposição foi a primeira coisa que tentei fazer.

Depois o meu tempo em palco foi aumentando, as caras foram tendo sorrisos maiores, e os meus companheiros desta vida nunca me abandonaram e tenho de falar deles aqui. Jorge Crespo é sem dúvida o Sindicalista e muito amigo que me viciou nisto. É uma espécie de "dealer" de emoções fortes e as melhores noites que vocês vão ter na vossa vida. E nem é prostítuto...

Ao Pedro Miguel Ribeiro tinha-me colado a actuações dele através do Crespo e sempre foi amigo e construtivo da sua alta experiência e talento. Não me esqueci de nada que ele me tenha dito num bar as 2 da manhã... secalhar mais cedo... ele também dorme...

No fim, e sem querer dizer que os outros não merecem destaque, porque o merecem, quero aqui dar um abraço valente e sentido a um grande senhor, que esteve comigo nas minhas melhores e piores noites de Stand Up, o Carlos Moura. A noite no "excalibar" será sempre um marco na minha carreira e não esqueço aquilo que me foi dizendo e apontando no texto, postura, etc, e que me foi "limando".

São bons amigos e companheiros que a troco de nada (secalhar uns golinhos no jogo de futebol das segundas... não me importo de os dar...) sempre estiveram lá e puxaram para palco um puto de 20 anos que tirava coisas do seu blog para actuar.

(Já estão a chorar?)

Passado um ano aqui estou. Várias e fantásticas actuações e pretenço a um grupo que me leva a sitio ainda mais altos e que será um dia uma grande marca. Passar pelo "Sempre em Pé" foi o degrauzinho mais alto na minha exposição mediática e muito gratificante porque agora sinto vontade de lá voltar e não estar nervoso! De fazer a actuação da minha vida e ninguém se esquecer do "puto" que "arrebentou"!

Ontem voltei de férias e actuei no norte (Torres Novas já é norte? ou é tipo centro mais subido?) e senti de volta aquele nervosinho antes de subir a palco, em que só questionamos o que c*aralho é estamos a fazer ali prontos para enfrentar aquela gente toda em vez de estarmos em casa e quem é que nos levou para ali!! Mas depois subo, faço o meu texto, improviso e vejo os vosso sorrisos e não há nada como aquela sensação. Como aqueles sons. Como aqueles cheiros. Como as palavras que se dizem. Nada.

Que muitos muitos muitos mais anos de sorrisos e gargalhadas venham e que vocês estejam lá comigo. Tanto companheiros de arte, como público, porque acreditem que poucas coisas me fazem mais feliz que vos ver olhar para mim a rir, esquecidos dos problemas, das procupações... apenas ali... numa bolha gigante de boa disposição e liberdade...

hug,
gui